A GUERRA DA COREIA

Número de mortos: 3 milhões de soldados e civis1

Posição na lista: 30

Tipo: guerra civil ideológica

Linha divisória ampla: comunistas versus capitalistas

Época: 1950-53

Localização: Coreia

Principal Estado participante: Estados Unidos

Principais quase Estados participantes: República Popular Democrática da Coreia (Norte), República Popular da China, República da Coreia (Sul) e Nações Unidas

Estados participantes secundários: Austrália, Bélgica, Canadá, Colômbia, Etiópia, França, Grécia, Holanda, Filipinas, União Soviética, Tailândia, Turquia e Reino Unido perderam soldados na guerra

Quem geralmente leva a maior culpa: Coreia do Norte. (Ultimamente houve um esforço para atribuir parte da culpa à Coreia do Sul; no entanto, como o mundo inteiro, sob a égide das Nações Unidas, apoiou esse lado, já é um pouco tarde para mudar nossas opiniões.) Outra praga: a guerra terrestre entre superpotências na Ásia

Divisão

A Segunda Guerra Mundial terminou com o exército soviético na Manchúria, pronto para conquistar toda a colônia japonesa da Coreia, mas os americanos insistiram, em vez disso, numa ocupação conjunta, de modo que os vitoriosos repartiram a península ao longo do paralelo 38, numa zona soviética e noutra zona americana. Em cada uma delas, as potências patrocinadoras instalaram governos fantoches complacentes, visando criar uma nação à sua imagem.

Os soviéticos haviam mantido Kim Il-sung oculto na Sibéria justamente para isso. Kim chefiara guerrilheiros contra as forças japonesas de 1932 até 1941, quando fugira para a Rússia. Voltou para a Coreia com os soviéticos, no posto de major do Exército Vermelho.

Para a metade sul, os americanos trouxeram Syngman Rhee, um coreano cristão com Ph.D. da Universidade de Princeton. Para aumentar sua credibilidade, cada fundador de nação pós-colonial precisava apresentar uma sentença de prisão no seu currículo, e felizmente Rhee fora preso em 1897 por ter liderado demonstrações contra os japoneses. Depois que sua sentença à prisão perpétua foi revogada durante a anistia geral de 1904, ele foi estudar nos Estados Unidos, mas acabou exilado da Coreia para sempre em 1912. Durante o levante de 1919 contra o Japão, fora proclamado presidente do governo coreano-no-exílio, mas a rebelião fracassou, de modo que ele nunca chegou a exercer a função.

A ilha de Cheju

As eleições na República da Coreia do Sul (ROK) estavam marcadas para maio de 1948. Esperava-se que não fossem muito corretas, mas que confirmassem Rhee como presidente. Enquanto os direitistas fugiam do norte comunista para o sul capitalista, desequilibrando o voto a favor de Rhee, os esquerdistas iam às ruas protestar contra o desmembramento do país. Devido aos distúrbios, a ilha de Cheju, um bastião do Partido Trabalhista da Coreia do Sul, não seria incluída nas eleições de maio, enfraquecendo ainda mais a ala esquerdista no sul. Os ânimos se exaltaram. A polícia atirou contra manifestantes em Cheju. No dia 3 de abril, os rebeldes revidaram atacando o posto policial local, matando cinquenta policiais. A ilha mergulhou mais ainda no caos.

Rhee enviou soldados, polícia, paramilitares e tudo o mais para Cheju, a fim de restaurar a ordem a todo custo. As autoridades prenderam os dissidentes na calada da noite, incendiaram vilarejos, estupraram moças e largaram cadáveres nas praias, insepultos. Quando o tumulto terminou, talvez 60 mil pessoas, um quinto dos moradores da ilha, haviam sido mortas.2 O restante se escondera em cavernas, cuidando dos ferimentos, pranteando parentes mortos e tendo pesadelos.

As superpotências só estiveram marginalmente envolvidas nos acontecimentos de Cheju. Na maior parte, os americanos haviam deixado a reação para o governo sul-coreano. Quando os governos nativos assumiram, os soviéticos retiraram suas forças de ocupação no final de 1948, e os americanos fizeram o mesmo no início do ano seguinte.

Na Coreia do Norte, Kim Il-sung ficou com a esperança de que o levante de Cheju se alastrasse e depusesse Rhee da presidência. Quando tal coisa não aconteceu, os comunistas decidiram fazer isso na marra.

Ataque

As duas Coreias vinham fazendo incursões no território uma da outra desde 1948, mas ambas as potências patrocinadoras tentavam evitar a escalada da guerra civil. De fato, os americanos haviam deliberadamente evitado fornecer muito armamento pesado à ROK para não deixar que Rhee invadisse o norte. Nem os soviéticos nem os americanos queriam que para o futuro da civilização fosse travado um conflito final ali. Em vez disso, seus olhos estavam voltados para a Europa.

Kim Il-sung, entretanto, sabia que sua melhor oportunidade era agora. Alguns anos de paz serviriam apenas para estabilizar e reforçar a Coreia do Sul. Numa visita a Moscou, ele pediu a Stálin permissão para invadir o sul, mas Stálin hesitou; ele queria ouvir a opinião de Mao Tsé-tung antes de concordar com qualquer coisa. Kim correu para Pequim e disse a Mao que “papai disse que está bem, se você concordar, mamãe”. É claro que essas não foram as palavras exatas, mas o fato é que Mao aprovou.3

O ataque de 120 mil soldados da Coreia do Norte, atravessando o paralelo 38, no dia 25 de junho de 1950, tomou o mundo de surpresa. O exército da Coreia do Sul foi derrotado e fugiu desordenadamente. A princípio, presumiu-se que os americanos não considerariam a defesa da Coreia do Sul um fator vital para seus interesses e que ficariam assistindo ao desenrolar da contenda, mas o presidente Harry Truman surpreendeu a todo mundo declarando sua intenção de defender aquele país.

Tropas americanas foram levadas às pressas de suas funções de ocupação no Japão, e lançadas no confronto. Essas primeiras unidades foram eliminadas rapidamente e bateram em retirada para o sul. Os comandantes americanos consideravam uma ação como bem-sucedida se seus soldados retardavam o inimigo, e depois se retiravam, sem abandonar o armamento pesado e os feridos. Isso era coisa bem rara; na realidade, estancar o avanço dos norte-coreanos estava além de sua capacidade.4

Truman pediu que as Nações Unidas autorizassem a intervenção internacional. Por sorte, esse pedido se seguiu quase imediatamente à Guerra Civil Chinesa, terminada em 1949, e a União Soviética boicotava a ONU, querendo impedir que o governo nacionalista tivesse assento no Conselho de Segurança. Isso significava que a União Soviética não estava presente para usar seu poder de veto quando a ONU autorizou uma ação de polícia para fazer cessar a invasão norte-coreana.

Logo depois da invasão, os soldados e a polícia sul-coreanos prenderam e fuzilaram quantos esquerdistas e dissidentes puderam, com medo de que ficassem para trás e reforçassem e ajudassem os invasores. Talvez mil tenham sido mortos em Suwon, 4 mil em Taejon e cerca de 10 mil em Pusan.5 Depois os norte-coreanos chegaram e massacraram os inimigos da classe e os líderes comunitários que poderiam se tornar foco de resistência ao governo comunista. O resultado combinado foi que qualquer sul-coreano conhecido por ter opiniões, educação, bens imóveis ou alguma habilidade profissional podia ser fuzilado por um lado ou pelo outro.

Quando os boatos sobre os massacres se espalharam, cerca de 2 milhões de refugiados fugiram da frente de batalha que avançava. Comunistas infiltrados às vezes se misturavam a essas colunas de civis refugiados a fim de espreitar as tropas inimigas, visando armar uma emboscada, de modo que os americanos logo se recusaram a deixar os refugiados cruzar suas linhas. Durante a caótica retirada na direção sul, as tropas americanas alertavam os civis que se aproximavam com rajadas de metralhadora. Algumas vezes eles disparavam para o ar, às vezes para o solo, às vezes sobre a multidão. Os pilotos de caça americanos, que não podiam distinguir um grupo de coreanos de outro, metralhavam indiscriminadamente todo ajuntamento que percebiam.

O pior incidente conhecido ocorreu em No Gun Ri, onde centenas de refugiados ficaram acampados debaixo de uma ponte por diversos dias, logo além das linhas americanas, quando chegou uma ordem para matá-los a todos. Os americanos varreram a multidão com fogo de metralhadoras até que todo mundo parasse de se mexer. Certa de trezentos homens, mulheres e crianças foram mortos naquele dia.

O exército sul-coreano foi empurrado para sua última linha de defesa em torno do porto de Pusan, atualmente Busan, na extremidade mais longínqua da península, ficando ali se defendendo contra todos os ataques comunistas. Os norte-coreanos haviam sofrido pesadas baixas no seu avanço e não conseguiram expulsar os sul-coreanos desse último bastião. Os comunistas rapidamente convocaram todos os jovens do território capturado, inclusive os prisioneiros de guerra do exército sul-coreano, mas ainda levaria tempo para treiná-los.

Contra-ataque

Quando a frente finalmente se estabilizou em torno do perímetro de Pusan, os planejadores americanos voltaram-se para o problema de restaurar a nação da Coreia do Sul. Em setembro de 1950, tropas americanas sob o comando do general Douglas MacArthur desembarcaram uma força de assalto anfíbia em Inchon, o porto de Seul. Isso os colocou à retaguarda do exército coreano, e bastante perto para atacar sua linha de suprimento. Quando as forças da ONU também saíram do cerco de Pusan para o ataque, os comunistas se retiraram em pânico, deixando dezenas de milhares de prisioneiros para trás. Os americanos perseguiram os restantes, para além do paralelo 38.

A guerra poderia ter terminado nesse momento, quatro meses depois que começara, mas o serviço de inteligência informou que 30 mil soldados do norte haviam escapado da debacle do sul, e mais outros 30 mil recrutas estavam quase prontos para serem engajados na luta.6 MacArthur queria avançar além do paralelo 38 e destruir o exército norte-coreano de uma vez por todas. Ele assegurou ao presidente Truman que não haveria problema em liberar a Coreia do Norte dos grilhões dos comunistas. Com a cautelosa permissão de Truman, MacArthur saiu perseguindo o exército norte-coreano em retirada, além da antiga fronteira, até a capital do norte, Pyongyang, e por fim até o rio Yalu, que separa a Coreia da China.

Ao retomar Seul, os sul-coreanos e americanos encontraram muitos corpos, prisioneiros de guerra, estudantes, policiais, funcionários civis, homens de negócios, professores, todos alinhados em valas, com as mãos amarradas atrás, com arame farpado. Descobertas semelhantes acompanharam a reocupação em quase toda comunidade sul-coreana, mas nós ainda não temos certeza a quem cabe a maior culpa. Os sul-coreanos que recuavam podem ter matado cerca de 100 mil prisioneiros políticos da esquerda, e o governo da ROK calculou que os norte-coreanos, ao avançarem, mataram 26 mil inimigos da classe, número esse que depois foi recalculado para 120 mil, para abrir caminho para o governo comunista.7

A cidade de Taejon, por exemplo, sofreu um massacre duplo: o massacre de julho nas mãos dos sul-coreanos, e o massacre de setembro, de autoria dos norte-coreanos. Esses dois eventos mataram cerca de 5 mil a 7.500 civis em Taejon, mas os Estados Unidos lançaram a culpa desses morticínios inteiramente sobre o Norte, e este culpou inteiramente o Sul. Independentemente de quem matou mais civis, os 42 prisioneiros americanos de guerra encontrados amarrados e fuzilados em Taejon constituíram certamente um trabalho dos norte-coreanos.

A retirada dos comunistas fez piorar ainda mais a sorte dos prisioneiros que eles haviam feito. Os norte-coreanos geralmente matavam os prisioneiros estrangeiros, a menos que pudessem usá-los com propósito de propaganda, e, em outubro de 1950, quando se aproximava a queda de Pyongyang, eles meteram todos os prisioneiros americanos em trens que seguiam para o norte. Dezenas morreram de frio e fome durante a viagem de cinco dias, e 68 foram arrancados do trem e fuzilados no túnel de Sunchon, bem para o norte. Ao todo, três em cada oito americanos aprisionados na guerra morreram nas mãos dos comunistas.8

As tropas sul-coreanas logo começaram a matar colaboradores suspeitos nos territórios recém-ocupados. Embora o alto-comando americano geralmente ignorasse essas ações, os britânicos eventualmente intervinham. “No dia 7 de dezembro, na Coreia do Norte ocupada, oficiais britânicos salvaram 21 civis alinhados para serem fuzilados, ameaçando atirar no oficial sul-coreano responsável pelo iminente massacre. Mais tarde, naquele mesmo mês, tropas britânicas se apoderaram da chamada Colina da Execução, nos arredores de Seul, para evitar que fossem feitas mais matanças no local.”9

Contra contra-ataque

O avanço de um exército americano na direção de sua fronteira preocupou os comunistas chineses. Mao Tsé-tung sabia que havia um forte sentimento no Ocidente para que se cruzasse o rio Yalu, e avançar sobre a China, já que estavam com as mãos na massa, de modo que começaram a despachar tropas para a Coreia, a fim de reforçar os remanescentes do exército norte-coreano. As primeiras levas dessas tropas eram constituídas de jovens engajados fanáticos, que nunca haviam visto outra coisa na vida senão guerra. Haviam sido criados em enclaves comunistas que Mao defendera contra os japoneses, e também arrebatado o controle da China das mãos de Chiang Kai-shek.10

No período de uma semana, 100 mil chineses veteranos do Exército Popular da Liberação conseguiram se infiltrar através da fronteira sem serem notados pelo serviço de inteligência do Ocidente. O primeiro indício de que a guerra mudara de curso veio quando as unidades de vanguarda americanas e sul-coreanas foram rechaçadas e fugiram em pânico, acossadas por tropas frescas usando estranhos uniformes acolchoados. Em seguida, alguns desses misteriosos soldados começaram a aparecer entre os primeiros norte-coreanos, falando uma língua tonal estranha, que confundiu e preocupou os primeiros interrogadores. Logo os chineses aumentaram seu efetivo o bastante para lançar um forte contra-ataque, empurrando de novo os americanos para o sul.11

As forças da ONU mais ao norte recuaram para o litoral leste, a fim de serem evacuadas por mar, enquanto o restante começava a longa marcha para o sul. Os atacantes chineses eram incansáveis e inúmeros. O terrível frio destruía os dedos dos pés e das mãos dos soldados, e congelava o sangue dos ferimentos. No final de novembro, o reservatório Chosin e o enorme efetivo do inimigo bloquearam a retirada dos americanos na extremidade mais ao norte e no centro da península. Vinte mil fuzileiros navais americanos tiveram de passar num “corredor polonês” de 200 mil chineses; os meses anteriores de combate, porém, já haviam ensinado os americanos a fazer uma retirada bem-sucedida em situação tática precária. Os americanos abriram caminho no bolsão a duras penas e escaparam para o sul, em ordem e praticamente com as tropas intactas, moralmente, se não fisicamente.

Os comandantes de campo americanos tentaram estabilizar a linha de frente perto da antiga fronteira, sobre o paralelo 38, mas os reforços necessários não chegavam a tempo. Washington temia que a intervenção chinesa na Coreia fosse apenas o primeiro estágio num assalto geral do comunismo em todo o globo. Embora os Estados Unidos estivessem aumentando apressadamente seu poderio militar com a convocação de reservistas e aumentando a conscrição, as novas tropas estavam retidas na reserva contra possíveis invasões da União Soviética na Alemanha, Turquia e Irã, em vez de serem enviadas para a Coreia.a

Washington chegou mesmo a considerar a sugestão do general MacArthur de levar a guerra diretamente à China com bloqueio naval, reides aéreos e um ataque partindo de Taiwan pelo exército nacionalista. Depois de muito debate, a ideia foi abandonada. O presidente Truman certamente não queria expandir uma guerra na qual os americanos estavam ainda levando a pior. Infelizmente MacArthur continuou a defender seu plano, solapando o esforço de Truman para terminar rapidamente com a guerra, de maneira favorável, usando a diplomacia. Houve uma escalada na guerra de palavras, até que finalmente Truman demitiu MacArthur.

Nesse ínterim, o ataque comunista da véspera do Ano-Novo atravessou a antiga fronteira e Seul caiu novamente. Os americanos resolveram secretamente abandonar a península inteiramente se se vissem encurralados em Pusan de novo. Finalmente, depois de conquistarem metade da Coreia, os comunistas estenderam demais suas linhas de suprimento e não puderam mais progredir. As patrulhas americanas logo descobriram o quanto o inimigo estava desorganizado. Os Estados Unidos contra-atacaram, infligindo grandes perdas aos chineses.12

Impasse

O contra-ataque americano contra o contra contra contra-ataque chinês empurrou a linha de frente de volta para o paralelo 38, e depois para além dele, até que os comunistas consolidaram suas defesas, pararam, planejaram e lançaram um contra-ataque contra o contra contra contra contra-ataque. A linha de frente finalmente se imobilizou perto da antiga fronteira, de novo.

Em um ano de luta, a linha de batalha havia subido e descido na Coreia como um limpador de para-brisa de automóvel, até mesmo varrendo toda a península uma vez, de Pusan até o rio Yalu, de modo que não é surpresa que tenha ocorrido um terrível número de baixas colaterais. Ninguém nunca saberá com certeza, mas alguma coisa em torno de 2 milhões de civis morreram na guerra, a maioria de privações gerais, e não de propósito deliberado dos contendores.

Foram necessários meses de pequenas batalhas para que os americanos acertassem com precisão a nova linha de frente, que atendia pelo codinome de Kansas-Wyoming, a seu favor. Isso se deu principalmente com a conquista de posições onde os comunistas estavam entrincheirados. O último ajuste da linha Kansas-Wyoming foi feito em junho de 1951, e, depois disso, com os sul-coreanos aguen-tando a vantagem tática ao longo de toda a linha, enquanto as forças da ONU, paradas, apenas aguardavam que a diplomacia fizesse o resto.13

As negociações de paz emperraram na questão da troca de prisioneiros de guerra. O Ocidente não queria repetir o que acontecera na Segunda Guerra Mundial, quando relutantes prisioneiros soviéticos em poder dos alemães foram repatriados à força, apenas para serem punidos como traidores por Stálin. Descobriu-se que muitos prisioneiros de guerra mantidos na Coreia do Sul eram conscritos que não queriam voltar às mãos comunistas. Os soldados norte-coreanos eram frequentemente sul-coreanos arrebanhados pelos comunistas durante a ocupação do sul; já os soldados chineses eram muitas vezes nacionalistas capturados pelas forças de Mao Tsé-tung durante a Guerra Civil Chinesa, e depois forçados a lutar pela República Popular.14 As Nações Unidas insistiam em dar a cada prisioneiro o direito de ficar. Quase metade dos norte-coreanos em mãos dos sul-coreanos decidiu permanecer no sul.15

Os norte-coreanos resistiram o mais que puderam, mas depois de dois anos de discussão aceitaram que nada iria mudar. Todos os combates cessaram no dia 27 de julho de 1953, embora tecnicamente a guerra tenha apenas feito uma pausa, não terminado. Nunca foi assinado qualquer tratado de paz.

a Embora na época a maioria das pessoas não soubesse, os americanos já vinham combatendo os soviéticos no ar. Os pilotos russos estavam ganhando experiência de combate e testando novos equipamentos sobre a Coreia do Norte em aviões a jato com as insígnias chinesas, mas tinham ordens severas de não serem abatidos sobre territórios das Nações Unidas. Stálin não queria que se encontrassem provas do envolvimento soviético nos escombros de uma aeronave abatida. Os americanos, que tinham suas suspeitas, também não queriam. Se viesse a público abertamente que as duas superpotências já estavam guerreando no ar, o conflito coreano poderia rapidamente virar a Terceira Guerra Mundial (Stanley Sandler, Korean War: No Victors, No Vanquished [A guerra da Coreia: Sem vencedores, sem vencidos], Lexington: University Press of Kentucky, 1999), p. 185; Carter Malkasian, The Korean War, 1950-1953 [A guerra da Coreia, 1950-1953], Nova York: Rosen Publishing Group, 2009, p. 54.