A GUERRA FRIA
O confronto Leste-Oeste
Durante os quarenta anos de seu conflito global bipolar, os Estados Unidos e a União Soviética tinham uma obsessão de ganhar espaços no tabuleiro do jogo. Cada lado procurava controlar quantos países fosse possível, independentemente do valor estratégico ou econômico deles. Na verdade, quando você olha para a lista das maiores guerras “quentes” durante a Guerra Fria, verá a mais inútil coleção de nações que é possível imaginar. Exceto quanto à Indonésia, nenhum deles se destaca como importante fornecedor de petróleo, metais, alimentos ou commodities agrícolas, e, com exceção da Indonésia, Etiópia e Grécia, nenhum deles tem litoral próximo a importantes rotas de navegação. O fato de que milhões de pessoas morreram pelo controle desses lugares talvez seja a melhor prova de que ambos os lados da Guerra Fria eram sinceramente motivados pela ideologia. Se a União Soviética ou os Estados Unidos estivessem preocupados apenas com o próprio interesse econômico, teriam evitado a guerra nesses países. Como aconteceu, perderam vidas e dinheiro e não ganharam praticamente nada tangível em troca.
Por outro lado, guerras que não eram lucrativas para o país como um todo ainda assim produziam certo lucro para algumas facções poderosas. A Guerra Fria criou um processo de retroalimentação, no qual a ameaça de inimigos ideológicos poderosos exigia exércitos grandes, permanentes, os quais por sua vez demandavam maciços investimentos para os militares. Isso criou uma poderosa classe de pessoas cuja riqueza e sustento dependiam de continuados gastos militares, que só podiam ser justificados por uma constante ameaça de guerra. Além disso, a pronta disponibilidade desse complexo industrial-militar tornava tentadoramente fácil para os líderes das grandes potências recorrer às armas sempre que surgia uma disputa internacional.
Aqui está uma rápida lista das mais sangrentas “guerras por procuração” durante a era bipolar, começando com a mais sangrenta delas:
Isso totaliza 11 milhões de pessoas que morreram em diversos conflitos em que os americanos forneciam suprimentos para um lado e os soviéticos para outro. Embora esteja muito além do escopo deste livro desemaranhar meticulosamente cada um desses confrontos, e atribuir a culpa aos comunistas ou ao Ocidente, se você ouvir alguém afirmar que o impasse nuclear entre as superpotências criou uma era sem precedentes de paz internacional, esse alguém provavelmente está esquecendo esses 11 milhões de vidas.