Capítulo 44
Conselhos aos não-fumantes
Estimule seus amigos e familiares fumantes a ler este livro.
Em primeiro lugar, leia este livro com atenção e tente colocar-se no lugar do fumante.
Não o force a ler nem tente fazê-lo parar de fumar dizendo que está arruinando a própria saúde ou que está jogando dinheiro no lixo. Ele já sabe disso melhor que você. As pessoas não fumam porque gostam ou porque querem. Elas dizem isso a si mesmas e aos outros apenas para manter o respeito por si próprias. Elas fumam porque são de pendentes do cigarro, porque acreditam que ele as relaxa e lhes dá coragem e confiança. E também porque têm a ilusão de que, sem o cigarro, a vida nunca mais seria tão agradável. Se você tentar obrigar um fumante a parar, ele se sentirá como um animal enjaulado e seu desejo de fumar só aumentará. Isso pode transformá-lo num fumante secreto, valorizando ainda mais o cigarro em sua mente (ver capítulo 26).
Em vez disso, concentre-se no outro lado da moeda. Coloque o fumante na presença de ex-fumantes (há 15 milhões deles somente na Grã-Bretanha). Peça que relatem suas experiências e contem como também pensavam que estavam viciados para sempre e como a vida deles ficou muito melhor sem o cigarro.
Quando conseguir convencer o fumante de que ele é capaz de parar, sua mente vai começar a se abrir. Então, fale sobre a ilusão criada pela crise de abstinência. O cigarro não oferece nenhum estímulo; ao contrário, ele destrói a confiança e torna o indivíduo irritadiço e tenso.
O fumante agora estará pronto para ler este livro. Sua expectativa será a de ler páginas e mais páginas sobre câncer de pulmão, doenças cardíacas, etc. Explique a ele que a abordagem é completamente diferente e que referências a doenças são uma fração mínima do material apresentado.
Ajude-o durante a crise de abstinência.
Independentemente de o ex-fumante estar ou não enfrentando dificuldades com a crise de abstinência, parta do pressuposto de que ele está sofrendo. Não tente minimizar seu desconforto dizendo a ele que é fácil parar. Em vez disso, diga-lhe a todo instante como você está orgulhoso, como a aparência dele melhorou, como seu cheiro se tornou mais doce, como a respiração dele parece mais fácil. É essencial fazer isso sempre. Quando um fumante decide se livrar do cigarro, a euforia por estar finalmente tentando e a atenção dos amigos e colegas podem ajudá-lo no processo. Entretanto, ele tende a se esquecer com rapidez dos benefícios de parar, por isso não deixe de elogiá-lo.
Se o ex-fumante deixa de falar de cigarros, você pode achar que ele já se esqueceu do velho hábito e que é melhor não lembrá-lo. Em geral, com o uso do Método da Força de Vontade, acontece exatamente o contrário: o ex-fumante tende a ficar obcecado pelo cigarro. Não tenha medo de trazer o assunto à baila e continue a elogiálo. Se ele não quiser que você o lembre disso, só precisa pedir que não toque mais nesse ponto.
Faça tudo o que estiver ao seu alcance para aliviá-lo das pressões durante a crise de abstinência. Pense em maneiras de tornar a vida dele interessante e agradável.
Esse também pode ser um período difícil para os não-fumantes. Se um amigo ou familiar está mal-humorado, pode gerar um sentimento de desânimo geral. Por isso, previna-se: se o ex-fumante começar a se sentir irritado e quiser descontar em você, não revide. É exatamente nesse momento que ele mais precisa de seus elogios e de sua compreensão. Se você também estiver tenso, procure não demonstrar.
Uma das estratégias que eu usava quando tentava parar com a ajuda do Método da Força de Vontade era ter uma crise de nervos, na esperança de que minha mulher ou meus amigos dissessem: “Não suporto vê-lo sofrendo desta maneira. Pelo amor de Deus, fume um cigarro.” Agindo assim, o fumante não perde a pose. Ele não está se entregando, está apenas seguindo ordens. Se um ex-fumante usar essa tática, jamais o encoraje a fumar. Em vez disso, diga: “Se é isso o que o cigarro faz com você, agradeço a Deus pelo fato de que logo você estará livre. Que maravilha você ter tido a coragem e o bom senso de parar.”