(13 de maio de 1927)
Dolur passa. É o fulgor solar da madrugada
Que passa sob o azul transformada em mulher.
O som o gosto a cor toda a terra encantada
Resguarda-a do exterior num nimbo rosicler.
5 Nada insensível fica ao encanto da fada
Sequer, branco areal, o arvoredo sequer
Deixam de lhe elevar a prece apaixonada
Que a faz deusa maior que outra deusa qualquer.
Os mancebos então, tenentes e pianistas,
10 Taifeiros, adolescentes, passadistas,
Todos caem-lhe aos pés e são almas vencidas.
Mas Dolur passa e ri. Não liga aos pobres entes.
Passa como uma santa entre olhos reluzentes,
Deixando atrás de si um rastro de suicidas.