(23 de novembro de 1927)
Velas encarnadas de pescadores,
Velas coloridas de todas as cores,
Águas barrosas de rios-mares,
Mangueiras, mangueiras, palmares, palmares,
5 E a barbadianinha que ficou por lá!...
Que alegre porto,
Belém do Pará!
Que porto alegre, Belém do Pará!
Vamos no mercado, tem mungunzá!
10 Vamos na baía, tem barco veleiro!
Vamos nas estradas que tem mangueiras!
Vamos no terraço beber guaraná!
Oh alegre porto,
Belém do Pará!
15 O sol molengo no pouso ameno,
Calorão batendo que nem um remo,
Que gostosura de dormir de dia!
Que luz! que alegria! que malinconia![187]
E a barbadianinha que ficou por lá!
20 Que alegre porto,
Belém do Pará!
A barbadianinha que ficou por lá
Relando no branco dos moços de linho,
Passeando no Souza, que lindo caminho!
25 À sombra de enorme frondosa mangueira,
Depois que choveu a chuva para-já!...
Ôh barbadianinha,
Belém do Pará!
Lá se goza mais que em New York ou Viena!
30 Só cada olhar roxo de cada morena
De tipo mexido, cocktail brasileiro,[188]
Alimenta mais que um açaizeiro,
Nosso gosto doce de homem com mulher!
No Pará se para, nada mais se quer!
35 Prova tucupi! Prova tacacá!
Que alegre porto,
Belém do Pará!