Não tem ninguém por si, ninguém que o estime.
Percebe em todos natural repulsa.
Sorri. Ninguém sorri. E, à dor que o oprime,
Sai-lhe a risada, esgar, torta e convulsa.
5 Jamais pratica um mal, jamais um crime
Dentro em seu peito encontra abrigo e pulsa:
Mas vai, sem ter um ombro a que se arrime,
De coração sem eco, de alma avulsa.
Desde que assim se viu perdeu a calma,
10 Busca em ânsia um amigo e ao grande mundo
Só vê desertos a florir abrolhos...
Até para chorar, no fundo da alma,
Precisou de cavar um poço fundo
Onde escoassem os prantos dos seus olhos.