(São Paulo, 12 de novembro de 1933)
I
O jardim enfeita as famílias,
Mas as roupas dominicais
Mostram, detrás dos trabalhos,
Placas sem muitos ideais...
5 O rádio traz o futebol na boca.
A bulha salienta o crepúsculo
Em sua calma dominical.
Estão combatendo na China...
E minha alma não pode mais,
10 Transborda como água excessiva do copo.
II
Fadiga que desagrega...
Minha alma vos levaria
Para outra igualdade serena...
Oremos pelos Napoleões!
15 Tremo no limite das coisas,
Mas talvez o uso dos olhos
Já seja abuso em nosso tempo,
E se a brisa nos parte a boca,
É tanta a injustiça, tanta,
20 Que até o sorriso não se usa mais.
Estão se devorando em Cuba...
Encalhado no esgalhe das ruas,
Não se suporta este organismo,
É fruta madura demais.
25 Adeus, minha alma,
Toda só.