11

A noite estava calma e serena, com a claridade da lua inundando a floresta. Nossos três fugitivos atravessavam com rapidez as áreas alternadamente escuras e iluminadas do matagal e das clareiras.

O despreocupado Robin cantava refrões de baladas de amor; triste e silencioso, Allan Clare lamentava os resultados da sua visita ao castelo de Nottingham, enquanto o frade ruminava tristonhos pensamentos, lembrando-se da indiferença com que Maude o tratara, e da gentileza que dispensara ao rapazote da floresta.

— Pelo santo Miserere!42 — resmungava surdamente o religioso. — Sou belo homem, bem aprumado nas minhas pernas e nada feio de rosto, não tenho a menor dúvida, pois várias vezes já me repetiram isso. Por que Maude mudou tanto? Era só o que faltava! Se a danadinha me deixar de lado por causa desse frangote pálido, isso só comprova o seu mau gosto. Não posso perder meu tempo lutando contra tão ínfimo rival. Ela que o ame, se quiser, pouco me importa!

E o pobre frade suspirava.

— Bah! — recomeçou ele de repente, com o rosto iluminado por um sorriso de amor-próprio. — Ela não pode amar esse mal-acabado que só sabe mesmo cantarolar suas baladas. Quis somente despertar meu ciúme, testar minha confiança nela e me fazer ficar ainda mais apaixonado. Ah, mulheres! Mulheres! Têm mais malícia num fio de cabelo do que os homens em todos os pelos da barba.

Talvez não agrade a nossos leitores que se coloque semelhante linguagem na boca do monástico personagem, dando-lhe o papel aventuroso de homem levado a alegrias mundanas. Mas que se transportem em pensamento à época em que se passa nossa história e haverão de entender não ser, de forma alguma, intenção nossa caluniar as ordens religiosas.

— E então, meu jovial Gilles, como diz a bela Maude — disse de repente Robin. — Em que tanto pensa? Está parecendo tão melancólico quanto uma oração fúnebre.

— Os que usufruem dos favores da… da sorte têm o direito de se sentir alegres, mestre Robin — respondeu o frade. — Mas quem é vítima dos seus caprichos tem igualmente o direito de estar triste.

— Se chama favores da sorte os olhares meigos, os agradáveis sorrisos e os ternos beijos de certa bonita mocinha — respondeu Robin —, posso me gabar de ser rico. Mas você, frei Tuck, que fez voto de pobreza, por que razão se diz maltratado pela caprichosa deusa?

— Finge não saber, meu jovem?

— Realmente não sei. Mas por acaso Maude tem algo a ver com essa sua tristeza? Não! É impossível! É o seu pai espiritual, seu confessor… E nada mais, não é?

— Indique o caminho da sua casa e pare de falar a torto e a direito como um desajuizado, que, aliás, é o que é — respondeu o monge mal-humorado.

— Não vamos brigar por isso, bom Tuck — tentou Robin a reconciliação.

— Se o ofendi, foi sem querer. E se Maude for a causa disso, também não foi esta a minha intenção, pois posso jurar que não a amo e antes de vê-la hoje, pela primeira vez, já havia comprometido meu coração…

O frade se virou para o rapaz, apertou afetuosamente sua mão e disse com um sorriso:

— De modo algum me ofendeu, querido Robin. Fiquei triste à toa, de repente. Maude não pesa em meu ânimo nem em meu coração. É uma alegre e ótima moça. Case-se com ela quando estiver na idade de se casar e será feliz… Tem certeza mesmo de que o seu coração não está livre?

— Certeza absoluta… para sempre.

O frade voltou a sorrir.

— Não tomei o caminho mais curto para a casa do meu pai — explicou Robin após um instante de silêncio —, para evitar os soldados que o barão certamente mandou atrás de nós, assim que descobriu nossa fuga.

— Pensa como um sábio e age como uma raposa, mestre Robin. Seria preciso não conhecer aquele velho fanfarrão da Palestina para não saber que, em menos de uma hora, já vai estar nos nossos calcanhares com todo um bando dos seus estúpidos besteiros.

Já exaustos, os três companheiros se preparavam para atravessar uma vasta encruzilhada quando, sob os raios da lua, perceberam um cavaleiro que descia a toda velocidade a rápida vertente de um atalho.

— Escondam-se atrás das árvores, amigos — disse imediatamente Robin. — Vou procurar saber quem é o viajante.

Armado com o bastão de Tuck, Robin se posicionou de forma a chamar a atenção do desconhecido, que não o viu e continuou seu caminho sem diminuir o galope do cavalo.

— Pare! Espere! — gritou Robin, vendo que o cavaleiro era pouco mais do que um menino.

— Pare! — gritou também o frade com seu vozeirão.

O cavaleiro deu meia-volta e exclamou:

— Ei! Se meus olhos não me enganam, é frei Tuck. Boa noite, frei Tuck.

— Acertou em cheio, garoto — respondeu o frade. — Boa noite e diga quem é você.

— Como pode, padre? Sua Reverência não se lembra de Halbert, irmão de leite de Maude, filha de Hubert Lindsay, que guarda o portão do castelo de Nottingham?

— É você, mestre Hal! Estou reconhecendo agora. E por que cavalga assim, por favor, a todo galope, pela floresta, passada a meia-noite?

— Ao senhor posso dizer, pois me ajudará a cumprir minha tarefa: para entregar a sir Allan Clare um bilhete escrito pela delicada mão de lady Christabel Fitz-Alwine.

— E para me dar esse arco e essas flechas que vejo nas suas costas — acrescentou Robin.

— O bilhete, onde está? — perguntou ansioso Allan.

— Ah, ah! — riu o rapazinho. — Não preciso perguntar o nome de cada um desses senhores. Maude me explicou, para diferenciá-los: “Sir Allan é o mais alto e sir Robin o mais moço. Sir Allan é bonito, mas Robin mais ainda.” Vejo que não se enganou, mesmo não sendo apto a julgar a beleza dos homens. Já sobre a das mulheres, não digo o mesmo. E Graça May sabe disso.

— E a carta? Chega de conversa e me dê a carta! — impacientou-se Allan.

Halbert olhou com surpresa para ele e disse com tranquilidade, voltando-se a Robin:

— Bem, aqui estão seu arco e suas flechas. Minha irmã pede…

— Com os diabos, garoto — interrompeu novamente Allan. — A carta! Entregue logo ou arranco-a à força!

— Esteja à vontade, senhor — respondeu polidamente Halbert.

— Não me leve a mal, rapaz — voltou a dizer Allan, com mais calma. — É que essa carta é muito importante…

— Tenho certeza que sim, meu senhor. Maude recomendou expressamente que só a entregasse ao senhor, pessoalmente, caso o encontrasse antes de chegar à casa de Gilbert Head.

Enquanto falava, Halbert procurava nos bolsos, revirando-os. Após cinco minutos de buscas fingidas, o engraçadinho exclamou com um tom miserável e infeliz:

— Perdi a carta, era só o que faltava! Perdi a carta!

Desesperado e furioso, Allan precipitou-se até Hal, arrancou-o do cavalo e lançou-o no chão. Felizmente o menino se levantou sem ter se machucado.

— Procure no seu cinto — sugeriu Robin.

— É verdade, o cinto! — confessou o rapaz rindo e querendo mostrar ao fidalgo o quanto tinha sido desnecessária a brutalidade.

— Aqui está! Um viva para minha bem-amada Graça May! Aqui está o bilhete de lady Christabel.

Hal tinha o papel na ponta dos dedos, com o braço erguido e ainda dando vivas, de forma que sir Allan foi obrigado a dar um passo até ele para conseguir a preciosa missiva.

— Ei! E a mensagem para mim, também foi extraviada, mestre? — perguntou Robin.

— Está aqui na minha língua.

— Alivie então sua língua desse peso, estou ouvindo.

— Aqui está, palavra por palavra: “Querido Hal”, foi como falou Maude, “diga ao sr. Robin Hood que logo o avisarei para que venha ao castelo sem correr perigo, pois há aqui alguém que espera ansiosamente a sua volta.” Só isso.

— E para mim, o que ela mandou dizer? — perguntou o frade.

— Nada, meu reverendo.

— Nem uma palavra?

— Nenhuma.

— Obrigado — encerrou a conversa frei Tuck, lançando um olhar furioso a Robin.

Sem perder um minuto, Allan, tirando o selo da carta, leu à claridade da lua:

Querido Allan:

Quando me suplicaste tão terna e eloquentemente que deixasse a casa paterna, fechei os ouvidos e repeli tuas solicitações, por supor minha presença necessária à felicidade de meu pai, achando que ele não poderia viver sem mim.

Estava cruelmente iludida.

Senti-me como fulminada quando, após tua partida, ele me anunciou que no fim da semana devo me casar com outro que não o meu querido Allan.

Lágrimas e súplicas foram inúteis. Sir Tristam de Goldsborough chegará dentro de quatro dias.

Uma vez que meu pai aceita separar-se de mim, sendo a minha presença um fardo, nada mais me prende aqui.

Querido Allan, dei-te o meu coração, ofereço-te agora a minha mão. Maude vai providenciar todos os preparativos para a fuga e te dirá como agir.

Da tua,

CHRISTABEL

P.S.: O rapaz encarregado dessa carta deve providenciar teu encontro com Maude.

— Robin, preciso voltar a Nottingham — avisou Allan.

— Precisa?

— Christabel me espera.

— Entendo.

— O barão Fitz-Alwine quer casá-la com um velho amigo e, para ela, a única forma de evitar isso é a fuga… Pode me ajudar?

— De todo coração, sir.

— Venha então me encontrar amanhã de manhã. Maude ou alguém enviado por ela, talvez esse mesmo rapaz, vai estar à entrada da cidade, esperando-o.

— Aconselharia, amigo, em vez disso, ir ver a sua irmã, que deve estar bem preocupada com tanta demora. Podemos em seguida partir juntos ao amanhecer, levando também uns companheiros robustos, corajosos e confiáveis. Mas, silêncio! Ouço uma cavalgada.

Robin colou o ouvido no chão

— Vem da direção do castelo… São os soldados do barão à nossa procura. Allan e frei Tuck, escondam-se no mato, e você, Hal, vai provar que é o digno irmão de Maude.

— E digno namorado de Graça May — acrescentou o menino.

— Isso mesmo. Monte no seu cavalo, esqueça que acabou de nos encontrar e tente convencer os cavaleiros de que o barão quer que voltem imediatamente ao castelo. Entendeu?

— Entendi. Pode ficar tranquilo. Que Graça May me prive para sempre dos seus meigos olhares se eu não cumprir bem essas ordens.

Halbert esporeou o cavalo, mas nem chegou a ir longe, pois os soldados lhe barraram o caminho.

— Quem vem lá? — perguntou o chefe do grupo armado.

— Halbert, aprendiz de escudeiro do castelo de Nottingham.

— O que faz na floresta a essa hora, em que devia dormir em paz quem não está de serviço?

— É que vim atrás de vocês. O sr. barão me enviou para dizer que voltem agora mesmo ao castelo. Está impaciente e os espera há uma hora.

— Monsenhor estava mal-humorado quando você o deixou?

— Bastante. A missão que deviam cumprir não exigia tanto tempo.

— Fomos até o povoado de Mansfieldwoohaus, sem encontrar os foragidos. Na volta, porém, tivemos a sorte de pôr as mãos num deles.

— É mesmo? E qual?

— Um certo Robin Hood. Está preso e bem amarrado num cavalo, entre os soldados.

Escondido atrás de uma árvore a poucos passos dali, Robin pôs de fora a cabeça com cuidado, tentando descobrir quem era o prisioneiro, sem no entanto conseguir.

— Deixe-me vê-lo — disse Halbert se aproximando do grupo de soldados. — Conheço-o de vista.

— Tragam o prisioneiro — comandou o chefe.

O verdadeiro Robin Hood pôde então ver um jovem vestido como ele, com roupas de mateiro. Tinha os pés amarrados por baixo da barriga do cavalo e as mãos atrás das costas. Um raio de lua clareou o seu rosto e Robin reconheceu o mais moço dos filhos de sir Guy de Gamwell, o alegre William, ou melhor, Will Escarlate.

— Mas esse não é Robin Hood, ora! — exclamou Halbert dando uma gargalhada.

— E quem é, então? — perguntou o comandante desapontado.

— Como sabe que não sou Robin Hood? Não está enxergando bem, jovem amigo — disse Escarlate. — Sou Robin Hood, está ouvindo?

— Pode ser, mas nesse caso temos dois arqueiros com o mesmo nome na floresta de Sherwood — retrucou Halbert. — Onde o encontrou, sargento?

— Perto da casa do assim denominado Gilbert Head.

— Estava sozinho?

— Sozinho.

— Devia estar com dois companheiros, pois o Robin que escapou do castelo fugiu com dois outros prisioneiros. Aliás, estava sem armas e desmontado, a pé. Seria impossível percorrer tal distância em tão pouco tempo, a menos que tivesse boas montarias, como as nossas.

— Tenha a bondade, jovem aspirante a escudeiro — pediu o sargento —, de explicar como sabe que eram três os fugitivos. E de novo peço que diga por que perambula em plena noite pela floresta. Vai dizer também desde quando conhece Robin Hood.

— O sargento parece querer trocar a jaqueta de soldado por uma batina de confessor.

— Sem brincadeiras, engraçadinho. Responda categoricamente às minhas perguntas.

— Não estou de brincadeiras, sargento. E, como prova, vou responder às suas perguntas, cate… como é mesmo?… é isso! Categoricamente. Começo pela última. Isso o satisfaz, sargento?

— Seja claro! — irritou-se o homem. — Ou mando que o amarrem.

— Serei claro, está bem. Conheço Robin Hood por tê-lo visto hoje mesmo entrar no castelo.

— E o que mais?

— Encontro-me na floresta; primeiro: por ordem do barão Fitz-Alwine, de quem somos vassalos, já mencionei ter recebido essa ordem. Em seguida, por ordem também de sua adorada filha, lady Christabel. Satisfeito, sargento?

— E o que mais?

— Sei serem três os prisioneiros foragidos porque mestre Hubert Lindsay, guardião da entrada do castelo e pai de minha irmã de leite, a bela Maude, me disse. Satisfeito, sargento?

Irritado com o tom de zombaria das respostas e sem saber mais o que dizer, o militar gritou:

— Que ordem recebeu de lady Christabel?

— Ah, ah, ah! O sargento por acaso está querendo se inteirar de segredos de milady? — replicou o rapazote com boas risadas. — Ah, ah, ah! Realmente, não dá para acreditar! Não seja por isso, sargento. Mande que eu volte a galope ao castelo e contarei isso a milady. Ela provavelmente me mandará de volta, também a galope, para expor à sua apreciação as ordens dadas. Parabéns, bravo capitão! Está se atolando, enfiado na lama e só posso felicitá-lo pela captura de Robin Hood. O barão Fitz-Alwine vai gratificá-lo devidamente, não tenho a menor dúvida, quando lhe apresentar esse exemplar de Robin Hood como sendo o original.

— Seu falastrão! — berrou o sargento furioso. — Se tivesse tempo para isso, te estrangularia! Em frente, soldados!

— Em frente! — gritou também o prisioneiro. — Um viva para Nottingham!

A cavalgada ia retroceder quando Robin saltou à frente do cavalo do sargento e ordenou em voz firme:

— Alto! Sou eu Robin Hood.

Antes de fazer isso, o corajoso rapaz cochichara ao ouvido de Allan:

— Se preza a vida e ama lady Christabel, senhor, não saia de trás desses troncos de árvore e me deixe aqui.

Allan havia então deixado que Robin falasse, mesmo sem compreender o que pretendia.

— Está me traindo, Robin! — gritou impulsivamente Will Escarlate.

Ouvindo isso, o chefe dos soldados esticou o braço e agarrou Robin pela gola, perguntando a Hal:

— Esse é o verdadeiro Robin?

Esperto demais para responder categoricamente, como dizia o sargento, Halbert se esquivou da pergunta:

— Desde quando passou a me considerar suficientemente perspicaz, mestre, para recorrer a meu saber? Por acaso sou um cão de caça para ficar lhe apontando a presa? Algum lince para ver o que não vê? Um feiticeiro para adivinhar o que ignora? Não é um hábito seu, que eu saiba, estar sempre perguntando: Hal, o que é isso? Hal, o que é aquilo?

— Não banque o imbecil e diga qual desses dois vagabundos é Robin Hood. Caso contrário, repito, sairá daqui amarrado!

— O recém-chegado pode perfeitamente responder. Pergunte a ele.

— Já disse que sou Robin Hood, o verdadeiro Robin Hood! — gritou o pupilo de Gilbert. — O rapaz que está amarrado no cavalo é um bom amigo meu, mas não passa de um Robin Hood de contrabando.

— Então vamos mudar os papéis — voltou a falar o sargento — e, para começar, ficará você no lugar do prisioneiro de cabelos vermelhos.

Uma vez solto, Will foi até Robin e os dois amigos se abraçaram efusivos. Em seguida Will desapareceu, depois de energicamente apertar a mão de Robin, dizendo em voz baixa:

— Conte comigo — uma resposta, sem dúvida alguma, ao que Robin acabava de lhe cochichar enquanto se abraçavam.

Os soldados amarraram Robin no cavalo e todos tomaram o rumo do castelo.

Eis como se deu a prisão de William: saindo da casa de Gilbert Head, Escarlate deixou o primo João Pequeno voltar sozinho para o hall de Gamwell e tomou a direção de Nottingham, esperando encontrar Robin. Depois de caminhar por uma hora, ouviu o trotar de cavalos e, convencido de serem Robin e os companheiros que se aproximavam, pôs-se a cantar a plenos pulmões, e com a voz mais abominavelmente desafinada, uma balada de Gilbert que termina com o seguinte verso: “Vem comigo meu amor, meu querido Robin Hood.”

Enganados pela alusão a um dos fugitivos que procuravam, os soldados do barão cercaram e amarraram o incauto, satisfeitos com a vitória.

Percebendo que algum perigo ameaçava o amigo, Will não procurou se identificar. E o resto já conhecemos.

Distanciando-se a cavalgada que levava Robin, Allan e o frade saíram de seus esconderijos e Will apareceu-lhes como um fantasma, do meio de uma moita.

— O que lhe disse Robin? — perguntou Allan.

— Textualmente: “Meus dois companheiros, um cavaleiro e um frade, estão escondidos aqui perto. Diga a eles que me encontrem ao amanhecer no vale de Robin Hood, que eles já conhecem. Venham também você e seus irmãos, pois vou precisar de braços fortes e corações valentes para o bom resultado do que pretendo. Temos mulheres a proteger.” Foi tudo. Assim sendo, sr. cavaleiro — acrescentou Will —, sugiro que me acompanhe ao hall de Gamwell. Estamos mais perto de lá do que da casa de Gilbert Head.

— Quero ver minha irmã ainda hoje e ela se encontra com Gilbert.

— Desculpe não ter dito; a dama que chegou à casa de Gilbert na companhia de um cavalheiro está agora no hall de Gamwell.

— No hall de Gamwell? É impossível!

— Novamente peço desculpa, mas miss Marian está aos cuidados de meu pai. Conto no caminho como chegou à nossa casa.

— Robin não disse também que teremos, amanhã, mulheres a proteger? — quis confirmar o frade.

— Disse sim, reverendo.

— Que sortudo danado! — resmungou o religioso. — Vai sequestrar Maude. Ai, as mulheres! As mulheres! Como digo sempre, têm mais malícia num fio de cabelo do que os homens em todos os pelos da barba.


42. “Em latim, “Misericórdia”. Referência ao Salmo 51 (50 na numeração grega), que começa com o versículo Miserere mei, Deus (“Senhor, tende piedade de mim”) e traz mensagem de humildade e arrependimento. A famosa versão musicada de Gregorio Allegri, porém, só foi composta no séc.XVII.