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Capítulo 1 John Smith consultou o relógio e olhou ao redor do salão de baile do Plaza Hotel. Tudo transcorria bem. De acordo com as informações que tinham acabado de ser transmitidas a ele pelo fone de ouvido, o avião do embaixador havia pousado em segurança no La Guardia e o homem chegaria para a festa a tempo. Smith correu os olhos pela multidão resplandecente. Era a típica cena ostentosa que sempre exibia em jantares como aquele, a 5 mil dólares o prato. Mulheres adornadas com joias e vestidos longos de gala, homens de smoking; o patrimônio líquido coletivo do salão chegava à estratosfera. No meio da multidão agitada, negócios eram feitos, novos pares românticos se formavam e o desdém social era trocado por meio de sorrisos. O ambiente estava repleto de beijos lançados ao vento e inúmeros apertos de mão. Debaixo dos lustres daquele elegante salão de baile, todos eles pareciam ter o controle do mundo. Smith sabia bem disso. Havia sido contratado por alguns deles e aprendera seus segr
Capítulo 2 Cuppie Alston estava morta. As palavras martelaram a cabeça de Grace durante todo o dia, desde o momento em que Alfred a avisara sobre a terrível notícia. Ela ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido, não conseguia compreender que a amiga havia sido assassinada na noite anterior, enquanto elas estavam na festa do embaixador. O surrealismo daqueles fatos tinha sido uma companhia terrível em sua longa viagem da cidade de Nova York a Adirondacks. Entre os quilômetros de rodovias, de estradas municipais e das montanhas sinuosas, seu pensamento lutava contra a tragédia, produzindo incessantemente lembranças felizes, que estavam agora cobertas pelas cinzas da tristeza. Como aquilo poderia ser verdade?, pensou ela de novo ao chegar à mansão enorme às margens do lago Sagamore. Desligou o motor da Mercedes e ficou observando a escuridão. Ela não gostou do silêncio nem da falta de movimento. Sem distrações, sua mente chegou muito perto da histeria. Não apenas pelo fato de
Capítulo 3 Sentado diante da condessa, Smith sentiu a temperatura do seu corpo se elevar. Por mais improvável que parecesse, aquela mulher imaculada e empoleirada no sofá estava conseguindo irritá-lo novamente. Ela estava irritantemente bela sentada naquela mobília decorada. Tinha o corpo perfeitamente ajeitado, as pernas cruzadas na altura do joelho, as mãos repousadas elegantemente no colo. No cabelo, usava um penteado encaracolado e, no corpo, um terno caro, de fina costura. Ambos deixaram-na maravilhosamente linda. Ponderada, graciosa, elegante. A condessa mexeu o corpo e descruzou as pernas. Ele repousou os olhos sobre seus tornozelos delicados e suas panturrilhas torneadas e sentiu um ímpeto de luxúria pura e desenfreada. Perguntou-se como ela seria sem todas aquelas roupas caras e chegou à conclusão de que provavelmente ela se desmancharia e cairia dura no chão se alguém lhe pedisse para vestir um moletom. Quando recebeu a ligação de Farrell, Smith sentiu-se tentado a recusar o
Capítulo 4 Na semana seguinte, Grace estava no antigo escritório do seu pai revendo a lista de convidados do baile de gala anual da Hall Foundation quando o interfone tocou suavemente. Ela fez um movimento corporal abrupto e a caneta deslizou pelo papel. A voz de sua assistente soou abafada no viva-voz. – O sr. Lamont está vindo para encontrá-la e tenho alguns papéis para você assinar. Ótimo, pensou ela. Tudo que ela precisava era de outro encontro com aquele homem. Todas as vezes em que eles conversavam, a relação se deteriorava ainda mais. – Venha antes que ele chegue. Grace mexeu no lenço da Hermès que usava no pescoço. Ao afrouxar o nó e perceber que ainda assim se sentia amarrada, ela puxou o lenço e o arrancou. As cores tangerina e amarela do tecido formaram um tom vibrante sobre a escrivaninha. Ela estava ficando enjoada e cansada de fugir daquilo o tempo todo. Os ataques eram provocados por uma série de coisas, tais como telefone tocando, passos no corredor e barulhos repentino
Capítulo 5 Vinte minutos depois, Smith estava na Wall Street, subindo os degraus de granito do arranha-céu da família de Grace. Quando se aproximou das portas giratórias, um guarda uniformizado abriu a porta lateral para ele. – Sr. Smith? Ao responder, o homem afastou-se para lhe dar passagem. – Ela está esperando pelo senhor – avisou o guarda. – No escritório dela, no último andar. Para pegar o elevador, siga por ali. Smith assentiu para o homem e entrou no elevador. Cinquenta e dois andares. O elevador parou e ele deu de cara com um corredor extremamente luxuoso. Ao final, avistou uma luz resplandecendo por uma porta dupla e seguiu em direção a ela; em contato com o carpete espesso, seus passos não emitiram nenhum ruído. Ele passou por salas de reuniões e por escritórios e pensou que, se não fosse pelas pinturas espetaculares penduradas nas paredes, ele poderia estar numa sala executiva de qualquer empresa de sucesso. Smith diminuiu o passo ao chegar até a porta dupla. Empurrou um do
Capítulo 6 Quando chegaram ao saguão, o segurança já tinha saído. – Provavelmente ele está fazendo um tour pelo edifício – disse Grace, sua voz ecoando pelo enorme espaço vazio. – A essa hora eles têm de fazer isso. Vou ligar para o meu motorista. Ao pegar o celular, ela olhou para Smith. Os olhos dele vasculharam cada canto do átrio gigante e de suas características neoclássicas. – Agora posso ver porque esse lugar é considerado um marco nacional – comentou ele. – É irmão do edifício Chrysler, não é? Grace assentiu. – Cada um foi construído em dois anos. As portas dos elevadores são as minhas favoritas. O escopo egípcio é todo feito de prata fosca e de bronze brilhante. E o teto também não é nada mal. Ambos olharam para os três andares luxuosos que suas vistas alcançavam. Smith virou-se em direção a duas portas maciças, nas quais havia a inscrição “The Woodward Hall Museum” em um frontão de mármore branco. – O museu fica aberto ao público todos os dias? – Com exceção das terças-feiras
Capítulo 7 Grace acordou num movimento súbito, remexendo os braços no lençol da cama. Esticando o corpo tenso diante da luz fraca do amanhecer, ela esperou por algum sinal do que poderia ter perturbado o seu sono e despertado-a daquela forma. Mas havia apenas o silêncio no quarto. Olhou ao redor. Pelo que via, estava completamente sozinha. Pensou imediatamente em Smith. Será que ele teria entrado no quarto? Ou seria outra pessoa? Ela rolou para fora da cama, tentando procurar por ele. Como o silêncio se estendeu, considerou que não havia razão para acordá-lo. Ele era seu guarda-costas, não um cobertor de segurança. Sentindo-se pouco à vontade, foi até as portas francesas. O sol estava quase se erguendo e nuvens finas cobriam o horizonte. Abaixo, as ruas ainda eram iluminadas pelas lâmpadas incandescentes e o Central Park era uma extensa área coberta pela escuridão. Então eles tinham conseguido passar a primeira noite debaixo do mesmo teto, pensou ela. E não tinha sido tão ruim assim. A
Capítulo 8 Meia hora depois, os dois saíram do apartamento e seguiram até o saguão do edifício. Enquanto Grace apresentava Smith a Joey, o porteiro do prédio, ela avistou uma SUV preta encostando próximo à calçada. Era tão grande quanto um tanque, tinha as janelas escuras e Grace estava certa de que apenas um irmão gêmeo de Smith poderia estar ao volante. – Onde está Rich? – perguntou o porteiro ao perceber o novo carro. – Tirou umas férias – explicou Grace, casualmente. – Ah, e o pessoal da obra não virá por um tempo. E Teresa também não. O homem lançou um olhar desconfiado para Grace enquanto Smith lhe entregou o seu cartão. – Se alguém procurar por ela, ligue para o meu celular imediatamente. Ninguém poderá entrar caso eu não autorize, ok? – Sim, claro. – Tenha um bom dia – desejou Grace enquanto caminhava com Smith por debaixo de um toldo. Aproximando-se do carro, Smith abriu a porta. Grace entrou no banco de trás tomando cuidado para não rasgar a saia. – Bom dia! – a voz alegre e
Capítulo 9 Ao retornar para o apartamento no início da noite, Grace rapidamente trocou de roupa e colocou um vestido preto curto. Pegou um roupão grosso e estava caminhando em direção à porta quando Smith a interrompeu segurando uma jaqueta de couro na mão. – Para onde você está indo? – perguntou ela. – Vou com você. Ela começou a balançar a cabeça, determinada. – Ah, não! Você não pode. Smith franziu a testa e lançou um olhar de tédio. – Como é que vou explicar para a minha mãe quem é você? – Acho que eu tenho uma aparência excelente como ser humano – respondeu ele, com a voz arrastada. Grace colocou uma mão sobre a testa. – Perdoe-me, não quis dizer isso. Apenas não sei o que vou dizer a ela… – Que tal dizer a verdade? Grace sacudiu a cabeça com veemência. – Eu não poderia. – Você não poderia dizer à própria mãe que contratou um guarda-costas para mantê-la em segurança? – Ela não sabe sobre… – Grace fez um gesto com a mão. – Nada disso. Minha mãe e eu não somos muito próximas. Smith
Capítulo 10 Eddie soltou um grito de alegria quando Smith jogou um pacote com as sobras do jantar no banco da frente. – Bônus! E então, o que vou comer? Lagosta Newburg? Filet mignon? Os dois esperavam enquanto Grace se despedia da mãe em frente ao clube. – Acho que é espaguete. Eddie girou o corpo. – Deixa eu ver se entendi. Você entra num lugar como esse e pede um maldito espaguete? – Eu não pedi – Grace estava com o rosto tenso enquanto sorria e acenava despedindo-se da mãe. Smith surpreendeu-se porque a mãe não percebeu a apreensão da filha. – Como assim não pediu a comida? Será que uma fada trouxe esse pacote com uma varinha de condão? – Não sei de fada nenhuma, mas o pacote foi entregue por um pequeno capanga. Eddie deu risada. – Nunca vou entrar nesse lugar. – Muito sábio de sua parte. Depois que a mãe entrou em um carro preto, Grace se aproximou da SUV e Smith abriu a porta para ela. Enquanto Eddie dava a partida no carro, Smith olhou para o outro lado do assento. Embora tivess
Capítulo 11 Na manhã seguinte, Grace se atrapalhou para desligar o alarme do relógio. A mão bateu ao lado da cabeceira, passou pelo diário, pelo abajur, por tudo. Menos pelo relógio. Abriu os olhos, desligou a coisa e desabou de volta nos travesseiros. Caía uma tempestade lá fora e a chuva fustigava as janelas. Olhou para baixo e viu a camiseta que Smith tinha arrancado do corpo. Um rubor percorreu as suas bochechas e logo ela se lembrou do que tinha acontecido. Ainda podia sentir a boca faminta dele sobre a sua, e as mãos dele acariciando a sua pele. Aquilo tinha sido um devaneio, da raiva dele até os beijos que trocaram, do limite da razão até a perda do controle. Ela sentiu como se estivesse sendo possuída por ele. Afastar-se, recuar, pará-lo tinha sido um ato de autopreservação. Algum tempo depois que o corpo dele estava por cima do seu, enquanto ele beijava-lhe a barriga e acariciava-lhe as pernas, levando-a cada vez mais a um tipo de frenesi que ela nunca havia experimentado, Gra
Capítulo 12 No chuveiro, Smith deixou a água escorrer pela cabeça e pelos ombros. Estava quente o bastante para queimar a sua pele, mas ele precisava de uma distração e a dor física sempre era uma boa opção. Na noite anterior, Smith estava deitado na cama no escuro, olhando para o teto, quando ela saiu do quarto. Ao voltar para o corredor, ela fizera uma pausa em frente à porta do quarto dele, e isso tinha sido uma tentação a qual ele quase não resistiu. Smith ainda podia sentir o lençol da cama que ele tinha enrolado no punho no momento em que a deixou voltar para o quarto sozinha. Assim que ela entrou, foi a vez dele de vaguear pela cobertura. Enquanto passava de um quarto para outro, Smith pensou no fato de que os dois estavam com insônia e nervosos, embora não fosse necessariamente pelo mesmo motivo. A hesitação de Grace diante da porta do quarto dele poderia ter sido só medo, mas ele queria acreditar que havia outro motivo. Queria acreditar que ela não estava conseguindo dormir po
Capítulo 13 Smith franziu a testa ao ver o garçom servindo mais um pouco de vinho na taça de Grace. Ele nunca a tinha visto beber muito e já era a terceira taça que ingeria. Quando Grace se virou para a direita e sorriu para Nick Farrell, Smith sentiu que a tensão começava a incomodá-la. Ela começou a empurrar a comida do prato e seu sorriso demonstrava a sobrecarga física e mental. Com certeza, a proposta de irem para cama aumentou a confusão da vida dela, pensou Smith. E ultrapassou todos os padrões profissionais dele. Em um incrível exercício de alucinação. De alguma forma, ele conseguiu deixar de lado todos os detalhes dos treinamentos que fizera e toda a razão que ele tinha, para chegar à conclusão de que fazer sexo com ela seria aceitável. Tinha de se perguntar por que aquilo fez sentido para ele nas doze horas anteriores. Agora, ao ver a exaustão que mantinha os músculos faciais de Grace tensionados e ao observá-la bebendo, ele estava se sentindo… Arrependido. O que para uma pes
Capítulo 14 Naquela noite, Grace não conseguiu dormir. Depois de tentar pegar no sono por uma hora, foi para a cozinha. Mais cedo, ela tinha conseguido uma boa quantidade de prováveis doadores do Congress para o baile, na esperança de garantir parte do leilão. Tentar se concentrar nos negócios tinha sido impossível, e talvez fosse esse o motivo pelo qual os Stafford tinham rejeitado o pedido dela para cederem a sua coleção de bordado americano. As amostras seriam um belo item para o leilão. Mesmo que não chamassem tanto a atenção quanto as cartas de Franklin e Jefferson, as peças ainda tinham muita notabilidade por serem raras e pelo excelente estado de conservação. Grace abriu a geladeira e pensou em Smith. As prateleiras estavam cheias de legumes frescos, carnes, caixas de suco de laranja e leite se soja. Imaginou que o eletrodoméstico provavelmente sentia-se grato ao deixar de ser utilizado como um cemitério de condimentos. Estava no caminho de volta para o seu quarto depois de ter
Capítulo 15 Até as bebidas serem servidas na biblioteca, a noite já tinha se acalmado e a temperatura tinha caído. Para quebrar o gelo, Wilhelm acendeu o fogo da lareira e Grace ficou de costas para as chamas, tomando alguns goles de chardonnay. O quarto era um dos seus favoritos na casa, porque, ao contrário da maior parte dos outros, não era cavernoso. As paredes eram cobertas de estantes repletas de livros com capas de couro e Grace sempre apreciou a maneira como as letras douradas das lombadas brilhavam diante da luz do fogo da lareira. As poltronas e os sofás, revestidos de seda vermelho-escura, ficavam estrategicamente posicionados debaixo das janelas – um convite à leitura –, e cortinas pesadas de veludo varriam o chão. Um carpete vermelho-escuro oriental complementava a decoração de esquema de cores vibrantes. Quando era menina, Grace se convencera de que aquele quarto era de algum mágico que tinha se mudado para algum lugar fantástico. Jack aproximou-se dela. Estava lindo de t
Capítulo 16 Na manhã seguinte, Grace foi até o jardim à procura de um pouco de paz de espírito. Enquanto vagueava por entre os canteiros de flores que tinham sido preparados para a vinda do inverno, lembrou-se de como o jardim ficava na época em que todas as flores desabrochavam. Plantadas de maneira planejada, as rosas chá, as dedaleiras, as peônias e os lírios eram a mistura de flores que seu pai adorava cultivar e todas elas floresciam em abundância de cores e de vida nos meses de verão. À medida que continuou descendo o gramado, o barulho das ondas do mar tornou-se mais intenso. No alto, algumas gaivotas sobrevoavam o oceano e os raios do crepúsculo se espalhavam pelo céu azul-claro. Fazia frio e Grace sentiu-se satisfeita por ter vestido uma blusa grossa. À margem da propriedade, com vista para o mar, havia uma sauna revestida de branco e com telhado coberto por seixos verdes. Havia uma pequena varanda com duas cadeiras de vime brancas. Grace sentou-se sobre uma das cadeiras, ouvi
Capítulo 17 Ao descer as escadas para o café da manhã, Grace teve de forjar um sorriso. Ela preferia comer sozinha, mas as refeições na Willings eram um espetáculo à parte e ausentar-se do café da manhã traria conflitos entre ela e a mãe. Como estava esforçando-se para manter a pequena dignidade que lhe restava, Grace queria evitar qualquer tipo de inconveniência. Só mais dois dias, pensou ela, caminhando para a sala de jantar. Surpreendeu-se ao ver Jack acompanhado da namorada à mesa comprida. – Blair! – Grace exclamou. – Quando foi que você chegou? A outra mulher levantou-se e as duas se abraçaram. – Ontem, de madrugada. Blair, uma mulher alta e magra, que tinha os cabelos louros curtos e olhos cinzentos deslumbrantes, era o par perfeito que complementava a brandura de Jack. Os dois, com suas roupas caras e os looks clássicos, formavam um belo par. Depois que abraçou a amiga, Grace avistou Smith logo no momento em que ele entrou na sala. – E como está o dente? – Estou com um pouco de
Capítulo 18 Depois que John saiu, Grace trocou de roupa e foi até a janela. Enquanto olhava para o mar, sentiu-se arrependida de tê-lo deixado sair do quarto. No momento em que ele acariciou o seu rosto, ela deveria tê-lo puxado para perto. Aliás, ela deveria atravessar o corredor e beijá-lo. Afinal, o striptease tinha funcionado melhor do que ela havia imaginado, concluiu ela. Talvez ela tivesse uma mulher fatal dentro de si. Apoiando-se na sua coragem, colocou a cabeça para fora da porta e não ouviu um barulho sequer pela casa. O silêncio pairava por todas as direções, então Grace imaginou que Jack e Blair provavelmente tinham saído para comemorar o noivado. Sua mãe também não estava em casa. Grace bateu à porta de Smith suavemente e esperou pela resposta, prendendo a respiração. Ele não respondeu. Ela franziu a testa e bateu com um pouco mais de força. Uma vez mais, não houve resposta. Abriu a porta e enfiou a cabeça pela fresta. – John? – ela o chamou em meio à escuridão do quarto.
Capítulo 19 Quando o jato começou a se aproximar da pista para aterrissar em Teterboro, Smith olhou para o solo pela janela oval ao lado do seu assento. Ele tinha passado toda a viagem com os olhos fechados, mas não dormiu. Desde o dia em que tinha acordado ao lado de Grace naquela manhã, Smith tentava se convencer de que não estava apaixonado por ela. O discurso interno não estava funcionando muito bem, apesar de se basear em princípios completamente racionais. Que droga! Ele, mais do que ninguém, deveria saber que uma noite não significava nada. Eram apenas dois corpos no escuro de um quarto, cumprindo a diretiva máxima da evolução humana. Então por que ele se sentia fora do centro da gravidade? E por que diabos ele se comportava como um idiota em relação a ela? Lembrou-se de como ela estava em pé na porta do banheiro enquanto ele se barbeava. As palavras dela antes de sair do quarto fizeram com que ele se sentisse uma pessoa desprezível. Deus do céu, como ele tinha sido hipócrita! D
Capítulo 20 Smith saiu do banho lamentando profundamente o fato de Grace não estar debaixo daquele chuveiro com ele. Mesmo que os dois tivessem feito amor três vezes durante toda a noite, ele queria mais. Não conseguia acreditar que tinha pensado que uma única noite com ela teria sido suficiente. Ele precisava de meses, talvez até anos com ela. Era uma pena os dois não terem esse tempo juntos. Acordar ao lado dela tinha sido outra surpresa. Depois de anos deixando as mulheres sozinhas na cama logo que voltava a vestir as calças, Smith tinha rolado na cama ao lado de Grace, sem o menor interesse de ir para qualquer outro lugar. Ele a observou enquanto ela dormia, apreciando os cílios repousados na bochecha, os lábios ligeiramente abertos e os cabelos que cobriam os travesseiros. Smith tirou a toalha do corpo, colocou algumas roupas e saiu, esperando que ela ainda estivesse em seu closet. Como não estava, ele olhou para a cama e lembrou-se do que ela havia feito com ele durante a noite.
Capítulo 21 Naquela noite, Smith ligou para Eddie. Já estava ficando tarde, eram quase onze horas da noite. – A…lô? – saudou Eddie, com a voz grogue. – Vamos sair cedo amanhã. Eddie soltou um grunhido. – Estamos falando de que horas, chefe? – Seis. Outro grunhido. – Você deve ficar lindo observando a moça dormir com toda aquela beleza dela. Nós vamos pra algum lugar em especial? – Ela tem um café da manhã do outro lado de Connecticut. – Ok. Estarei lá em ponto e sem falta. Mas pode ser que eu vá de pijama. – Eddie? – Sim, chefe? – Peça pra Tiny me ligar quando ele aparecer amanhã. – Para quê? Smith passou uma mão pelo cabelo, que tinha crescido bastante depois que ele começara a trabalhar para Grace. Precisava de um corte urgente. – Estou pensando em desistir desse trabalho. – Por que quer sair fora? – como Smith não respondeu, Eddie continuou: – O que está acontecendo? Enquanto se manteve em silêncio, Smith estava relembrando como havia se sentido ao descobrir que Grace não estava na
Capítulo 22 Quando Grace se remexeu na cama às cinco da manhã do dia seguinte, sentiu o cheiro de café fresco e sabia que John já estava de pé. Encará-lo era algo para o qual ela sabia que precisava estar preparada, então foi para o banheiro, tomou um banho revigorante e colocou um dos seus melhores ternos. O conjunto era preto, ficava bem justo ao corpo e continha lapelas delicadas de corte refinado na cor vermelho-sangue. Grace sentiu-se mais forte ao vesti-lo. Com sapatos de salto alto e um batom vermelho vibrante nos lábios, ela sentiu como se estivesse blindada para encarar o que o dia lhe reservava. Quando chegou ao final do corredor, John estava ao celular, andando de um lado para o outro entre as salas de estar e de jantar. Com a expressão sombria, ele levantou a cabeça e olhou para ela. – Não, deixa que eu faço isso – disse ele em voz baixa e desligou o aparelho. Grace lançou um olhar frio sobre ele. – Isadora Cunis foi atacada ontem à noite. Grace sentiu um nó na garganta. Su
Capítulo 23 No dia seguinte, Grace foi para o trabalho exausta. O baile de gala seria dali a vinte e quatro horas e a grande noite pairava sobre ela feito uma avalanche. Mas era a partida iminente de Smith que realmente não lhe saía da cabeça. – Bom dia – disse Kat ao entregar alguns papéis a Grace. – Miles Forsythe deu uma passada aqui. Ele está disponível para atender aquela moça hoje à tarde. Ah, e Jack Walker ligou. Ele perguntou se poderia ver a pintura de Copley hoje à noite e eu disse que sim. Imaginei que você não se importaria. – Tudo bem. – E Fredrique está de volta. Grace olhou-a com surpresa. – Ele voltou? – Ele foi atrás do pessoal do bufê novo. Eles disseram que se você não tirar o homem do pé deles, vão ter que desistir do trabalho. – Melhor eu cuidar disso. Grace entrou no escritório e telefonou para os fornecedores do bufê. Depois de trinta minutos tentando acalmar os ânimos, eles concordaram em continuar o trabalho. Mesmo assim, Grace praguejou ao desligar o telefone,
Capítulo 24 Depois de conversar com Tiny sobre o baile de gala e ouvir o homem decidir que deixaria Grace participar do evento, Smith se enfiou dentro de um táxi e foi para a casa dela. No caminho, pensou que provavelmente o parceiro estava certo. O risco seria pequeno, especialmente porque os homens de Marks estariam lá, e Tiny prometeu que faria a proteção dela como se ela fosse a presidente dos Estados Unidos, o Papa e Nelson Mandela, todos ao mesmo tempo. Logo que abriu a porta da frente, Smith sentiu o desejo irresistível de não deixá-la – uma onda de insegurança que o fez esbravejar. Ele correu pela cobertura, juntou suas coisas e fez o que pôde para ignorar o cheiro sutil do perfume dela pairando no ar. Antes de sair, olhou pela última vez para a foto dela junto ao pai. Em seguida, colocou a chave em cima da mesa, ativou o alarme e saiu. Quando chegou à rua, chamou um táxi e pediu para o motorista levá-lo até um hotel na Wall Street, que ficava bem próximo ao Hall Building. No m
Epílogo Na manhã seguinte, Grace sorriu ao se deitar na cama e observar Smith saindo do chuveiro. Agora aquele corpo era todo dela, para tê-lo e abraçá-lo. Cada milímetro dele. E ela havia tido uma noite daquelas, lembrou-se, com satisfação. Quando Smith girou o corpo para secar as pernas, Grace espiou as marcas de suas próprias unhas nas costas dele. – Olha o que eu fiz com você – exclamou, com uma careta. Smith olhou por cima do ombro na direção do espelho. Ao se virar novamente para ela, esboçou um sorriso típico do regozijo masculino. – Me sinto orgulhoso por carregar as marcas das suas unhas, e espero que você faça outras hoje à noite. Smith envolveu a toalha e a deixou bem ajustada ao redor da cintura. Estendeu os braços e tocou o cabelo dela. O cabelo dele ainda estava úmido e Grace pôde sentir o cheiro agradável de um homem limpo. O seu homem. Escolhi bem, pensou ela, enquanto seu olhar penetrava os olhos azuis dele. Quando Smith começou a rir alto de repente, Grace elevou a so
DÊ UMA ESPIADA NO NOVO COMPANHEIRO DE AN UNFORGETTABLE LADY, AN IRRESISTIBLE BACHELOR A mulher aproximou-se dele na sombra e ele a reconheceu pelo cabelo ruivo. Ela caminhou devagar na direção dele e ele expirou o ar com satisfação. Ele estava sentindo falta dela e desejava perguntar-lhe por onde ela tinha andado. Mas, quanto mais ela se aproximava, menos ele conseguia falar. Quando ela parou em sua frente, ele estendeu o braço e passou o dedo pela bochecha dela. Ela era extremamente bonita, especialmente seus olhos. Eram castanho-claros, e pareciam conter chamas de fogo, num tom mais escuro que as ondas ruivas recaindo sobre os ombros dela. Ele a desejava. Não. Ele precisava dela. A mulher sorria cada vez mais, como se soubesse o que ele estava pensando. Ela inclinou a cabeça para trás. Olhando para a boca e para os lábios entreabertos dela, uma onda de desejo percorreu o corpo dele. Entregando-se à fome do instinto físico, ele colocou as mãos sobre os ombros dela e a puxou para perto
Este livro foi composto nas fontes Caflisch Script, Adobe Garamond Pro e impresso em papel Norbrite 66,6 g/m2 na gráfica Imprensa da Fé.
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