Bem está o que bem acaba
Inspirada por uma história do Decamerão, de Giovanni Boccaccio, Bem está o que bem acaba tem como figura central uma beldade plebéia, Helena, que está apaixonada por Bertram, um nobre. Ao salvar a vida do rei graças a uma poção que lhe fora deixada pelo falecido pai, Helena conquista o direito – então inédito – de escolher (entre os homens solteiros da corte) um marido. Bertram, o escolhido, rejeita a idéia, mas, por se tratar de uma ordem real, casa, e no mesmo instante foge para a guerra. Com isso, a desdenhada noiva lança mão de toda a sua perspicácia para conquistar o marido.
Bem está o que bem acaba foi escrita entre 1601 e 1608, e é geralmente classificada como uma das comédias de William Shakespeare (1564-1616). Entretanto, trata-se de uma peça ambígua, que mescla elementos de contos de fadas com realismo, cinismo e até mesmo humor negro – e cuja trama não se resolve à maneira tradicional das comédias. Dotada de um ritmo acelerado, próprio dos textos cômicos, mostra toda a versatilidade do bardo: Shakespeare, à frente de seu tempo, teve a ousadia de escrever uma história que gira em torno de uma mulher com o poder de escolher o próprio marido e de decidir sobre o destino do seu amado.