[Gutenberg 27637] • A correspondência de Fradique Mendes / memórias e notas

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[ *A Correspondência de Fradique Mendes* é uma o]bra póstuma de Eça de Queirós, apresentada como a recolha da correspondência desse «homem distinto, poeta, viajante, filósofo nas horas vagas, diletante e voluptuoso» que foi Fradique Mendes e que, segundo o narrador/compilador, teria passado no mundo «sem deixar outros vestígios da formidável atividade do seu ser pensante além daqueles que por longos anos espalhou, à maneira do sábio antigo, em conversas com que se deleitava, à tarde, sob os plátanos do seu jardim, ou em cartas, que eram ainda conversas naturais com os amigos, de que as ondas o separavam...». Em carta de 1885 a Oliveira Martins, Eça refere-se ao projeto como «uma série de cartas sobre toda a sorte de assuntos, desde a imortalidade da alma até ao preço do carvão», acrescentando, em carta ao mesmo de três anos depois, tratar-se, de facto, de uma «novela - novela de feitio especial, didática e não dramática, mas enfim novela com uma narração, uma ação, episódios, uns curtos de diálogo e até paisagens». Entre os destinatários das cartas, contam-se personagens fictícias, como Madame Jouarre, a madrinha de Fradique, e personalidades reais, como Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão.

Fradique Mendes, aquele que observava decotes, que estudou Direito nas cervejarias que cercam a Sorbonne, que lutou heroicamente com Garibaldi, que arrebatava corações, mentes e corpos das senhoras e senhoritas puritanas, é o personagem mais fascinante de Eça de Queirós - o que não é pouco, numa obra de personagens deslumbrantes. Apesar de ver a vida como uma «escura debandada para a morte», Fradique acreditava que era possível debandar com arte, graça, estilo e, acima de tudo, bom- humor.

Em *A Correspondência de Fradique Mendes* , Eça de Queirós cria uma das suas personagens mais cosmopolitas, que exprime as ideias e também as ilusões da vanguarda cultural portuguesa da época.

*A Correspondência de Fradique Mendes* é dividida em duas partes: «Memórias e notas» e «As cartas». Na primeira, o autor traça um saboroso perfil biográfico de Fradique. Nesta obra de humor clássico e refinado emerge um Fradique de caráter enigmático, aristocrata, poliglota e intelectual, símbolo de uma geração de pensadores da qual o próprio Eça participou. Já «As cartas», publicadas inicialmente no jornal Repórter de Lisboa e na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, são um retrato notável da época. Discutem desde grandes questões da humanidade até detalhes pessoais.