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Index
Créditos
Volume 1
SUMÁRIO
NOTA DO EDITOR
POESIA DE FERNANDO PESSOA
MENSAGEM
PRIMEIRA PARTE, BRASÃO
I. Os campos
O dos Castellos
O das quinas
II. Os castellos
Ulysses
Viriato
O conde D. Henrique
D. Tareja
D. Affonso Henriques
D. Diniz
D. João, o Primeiro
D. Philippa de Lencastre
III. As quinas
D. Duarte, rei de Portugal
D. Fernando, rei de Portugal
D. Pedro, Regente de Portugal
D. João, infante de Portugal
D. Sebastião, rei de Portugal
IV. A coroa
Nunalvares Pereira
V. O timbre
A cabeça do Grypho / O infante D. Henrique
Uma asa do Grifo / D. João, o segundo
A outra asa do Grypho / Affonso de Albuquerque
SEGUNDA PARTE, MAR PORTUGUEZ
I. O infante
II. Horizonte
III. Padrão
IV. O mostrengo
V. Epitaphio de Bartolomeu Dias
VI. Os Colombos
VII. Occidente
VIII. Fernão de Magalhães
IX. Ascensão de Vasco da Gama
X. Mar portuguez
XI. A última Nau
XII. Prece
TERCEIRA PARTE, O ENCOBERTO
I. Os symbolos
D. Sebastião
O Quinto Império
O desejado
As ilhas afortunadas
O encoberto
II. Os avisos
O Bandarra
Antonio Vieira
Screvo meu livro à beira-magua
III. Os tempos
Noite
Tormenta
Calma
Antemanhã
Nevoeiro
À MEMÓRIA DO PRESIDENTE-REI SIDÓNIO PAES
QUINTO IMPÉRIO
CANCIONEIRO
À guisa de prefácio
Quando ela passa
Em busca da beleza
Mar. Manhã
Visão
Análise
Ó naus felizes, que do mar vago
Hora morta
Que morta esta hora!
Impressões do crepúsculo
Hora absurda
Dobre
Além-Deus
Chuva oblíqua
As tuas mãos terminam em segredo
Canção
Serena voz imperfeita, eleita
Uns versos quaisquer
Como a noite é longa!
Bate a luz no cimo
Saber? Que sei eu?
Vai redonda e alta
Sopra demais o vento
Chove? Nenhuma chuva cai…
Ameaçou chuva. E a negra
Meu pensamento é um rio subterrâneo
Não sei, ama, onde era
Passos da cruz
Há no firmamento
Súbita mão de algum fantasma oculto
Para onde vai a minha vida, e quem a leva?
Intervalo
Episódios / A múmia
Ficções do interlúdio
O sol às casas, como a montes
Ah! A angústia, a raiva vil, o desespero
Onde pus a esperança, as rosas
Abdicação
Ah, quanta vez, na hora suave
Feliz dia para quem é
Natal
No entardecer da terra
Ó sino da minha aldeia
Leve, breve, suave
Pobre velha música!
Dorme enquanto eu velo…
Sol nulo dos dias vãos
Trila na noite uma flauta. É de algum
Põe-me as mãos nos ombros…
Manhã dos outros! Ó sol que dás confiança
Treme em luz a água
Dorme sobre o meu seio
Ao longe, ao luar
Em toda a noite o sono não veio. Agora
Ela canta, pobre ceifeira
Sonho. Não sei quem sou neste momento
Nada sou, nada posso, nada sigo
Não é ainda a noite
Pouco importa de onde a brisa
O menino da sua mãe
Marinha
Paira à tona de água
Qualquer música
Depois da feira
Natal… Na província neva
Tenho dó das estrelas
Abat-jour
Um muro de nuvens densas
Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar
Como inútil taça cheia
Gomes Leal
Boiam leves, desatentos
Contemplo o lago mudo
Às vezes entre a tormenta
Dá a surpresa de ser
Tenho dito tantas vezes
Lenta e quieta a sombra vasta
Chove. É dia de Natal
Por trás daquela janela
O último sortilégio
Gato que brincas na rua
Não: não digas nada!
De onde é quase o horizonte
Vaga, no azul amplo solta
O andaime
Hoje que a tarde é calma e o céu tranquilo
Guia-me a só a razão
Há quase um ano não ’screvo
Furia nas trevas o vento
A morte é a curva da estrada
Quem bate à minha porta
Iniciação
Na sombra do Monte Abiegno
Do vale à montanha
Cansa sentir quando se pensa
Não meu, não meu é quanto escrevo
Sorriso audível das folhas
Autopsicografia
Isto
Passa uma nuvem pelo sol
É brando o dia, brando o vento
Entre o luar e a folhagem
Ouço, como se o cheiro
Nuvens sobre a floresta…
Não sei se é sonho, se realidade
Aqui onde se espera
Redemoinha o vento
Momento imperceptível
Vai alto pela folhagem
Quando as crianças brincam
Passos tardam na relva
O que me dói não é
Por que é que um sono agita
Contemplo o que não vejo
Entre o sono e sonho
A morte chega cedo
Repousa sobre o trigo
Tudo que faço ou medito
Se eu, ainda que ninguém
Tenho tanto sentimento
Durmo. Se sonho, ao despertar não sei
Viajar! Perder países!
Que coisa distante
Na ribeira deste rio
No mal-estar em que vivo
Quando era criança
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Grandes mistérios habitam
Dorme, que a vida é nada!
Não sei que sonho me não descansa
Fresta
Onda que, enrolada, tornas
Montes, e a paz que há neles, pois são longe…
Neste mundo em que esquecemos
Foi um momento
Cessa o teu canto!
Eros e Psique
Houve um ritmo no meu sono
Azul, ou verde, ou roxo quando o sol
Começa a ir ser dia
A Outra
Não me digas mais nada. O resto é a vida
Teus olhos entristecem
Há doenças piores que as doenças
No ouro sem fim da tarde morta
Sonhos, sistemas, mitos, ideais…
Na quinta entre ciprestes
Dizem?
Conselho
Liberdade
Poema
Tomamos a vila depois de um intenso bombardeamento
No túmulo de Christian Rosenkreutz
Glosa
Assim, sem nada feito e o por fazer
Esta espécie de loucura
Entre o bater rasgado dos pendões
A minha vida é um barco abandonado
Os Deuses vão-se como forasteiros
Se já não torna a eterna primavera
QUADRAS
QUADRAS AO GOSTO POPULAR
325 Quadras
OUTRAS QUADRAS
97 Quadras
Poemas para Lili
Poema Pial
OUTROS POEMAS
Dolora
Nova ilusão
Às vezes, em sonho triste
Estado de alma
Tédio
Não sei o quê desgosta
Eis-me em mim absorto
Deus
Sou o fantasma de um rei
Meus gestos não sou eu
Oca de conter-me
Dentro em meu coração faz dor
Que vinda sombra
Saque da cidade…
Cada coisa é uma morte vivendo
Quando olho para a terra
Com tuas mãos piedosas
É interior à minha mágoa
Asas
Escrevo, e sei que a minha obra é má
Dia de verão
Fecho os olhos, medito
Num país sem nome
A noite vai alta
Tange a tua flauta, pastor. Esta tarde
O mar
Nada nos faça dor
Alga
Há uma vaga mágoa
Ó mera brancura
Mas a Noite e o Silêncio continuaram
Scheherazade
Impossível visão
Não tenho nada pra te dizer
Passam as nuvens, murmura o vento
Levai-me para longe em sonho
Ó altas serras do horizonte
Traze, a hora pesa, os perfumes dum Oriente
Pobre criança que qu’ria ter
Alastor, espírito da solidão
Ama, canta-me. Eu nada quero
L’Inconnue
Nesta hora tu liberta e tu consola
Por cima das revoltas, das cobiças
Mas tu, Athena, nossas almas livra
A alma de meu ser se perde no teu amar
Nas turbas densas entre quem seguia
Por que vivo, quem sou eu, o que sou, quem me leva?
Ah, viver em cenário e ficção!
Na estalagem a meio-caminho
No circo onde a ver fui criança
Um, dois, três…
Inútil dessossego
Na altura, de onde vejo, toda a rasa
Na fuga inútil dos penosos dias
No alto da tua sombra, a prumo sobre
À noite
Non necesse est
A criança que mora à beira do cais
Sonus desilientes aquae
De onde é a ideia do mal? Senhor!
Sobrinhos de Caim ou Abel
Vendaval
A noite é escura, e a cidade alheia
Cai do firmamento
Onde é que a maldade mora?
Pousa um momento
Meu ser vive na Noite e no Desejo
E na noite do Medo por onde tateio
Hoje em que nada é português
Clarim! Os mortos!
Era dez reis por cada homem
A lembrada canção
Longe de mim em mim existo
Outros terão
Poema incompleto
No limiar que não é meu
Os deuses dão a quem sofre
Onde pus a esperança, as rosas
Mataram à machadada
Meu coração caiu no chão
Revive ainda um momento
Os deuses são felizes
Cansado até dos deuses que não são…
Os deuses são felizes
Se o teu palácio chega até ao céu
Horário
Tudo quanto sonhei tenho perdido
Eu tenho um Bebé
Bombom é um doce
Ah, sempre no curso leve do tempo pesado
Cansa ser, sentir dói, pensar destrói
Ligia
Que é feito do luar de outrora
Como quem bate à porta
Tornar-te-ás só quem tu sempre foste
Qualquer caminho leva a toda parte
Ó curva do horizonte, quem te passa
Um calor morto e mole move
Antes que a hora fane
Aquela tristeza antiga
No fundo do pensamento
Cresce a planta, floresce
Vento que passas
Nos meus desejos existe
Quando era jovem, eu a mim dizia:
Sepulto vive quem é a outrem dado
A parte do indolente é a abstrata vida
Ironia em intenção a Cristobal Colon
O louco sente-se imperador ou deus e crê-se, crê com firmeza e certeza absoluta
Adeus, Maria! Há um só momento
É uma brisa leve
Não tragas flores, que eu sofro
Os deuses, não os reis, são os tiranos
Anteus
Ah, já está tudo lido
Nada
Hoje, neste ócio incerto
Depois de me ver ao espelho
Ah, como o sono é a verdade, e a única
Ouço passar o vento na noite
Que milagre de Lourdes, meu amigo!
Eu
Morte do príncipe
Ver as coisas até ao fundo…
Enigma
Dorme, sonhando! ’Sparsa luz te alumbre
Eu olho com saudade esse futuro
Dormir! Não ter desejos nem ’speranças
Trêmula chama
Súbita ária leve
Ah quanta melancolia!
Maravilhosa paz
Sim, poderia ser…
Pia, pia, pia
A Teca faz anos
Converso às vezes comigo
Meus dias passam, minha fé também
Flor que não dura
Aqui neste profundo apartamento
Ligeia
Nas entressombras de arvoredo
Glosas
E o rei disse, “Memora estes meus lemas:
Sinto-me forte contra a vida inteira
O merecer e o receber não têm
Ouço dizer a verdade
Estio. Uma brisa ardida
Como a nevoa que o realço
Amiel
Como às num dia azul e manso
O contra-símbolo
Não haver deus é um deus também
Saudade eterna, que pouco duras!
Em torno a mim, em maré cheia
Não há verdade inteiramente falsa
O catavento
Tudo dorme. Pela erva
Presságio
Já não vivi em vão
Horas
Já me não lembra o sonho que não tive…
Quem com meu nome é obsceno nas paredes?
Não venhas sentar-te à minha frente, nem a meu lado
Velo, na noite em mim
A levíssima brisa
Correm-me menos tristonhos
Post-scriptum
No fim do outono que finda
É um rio entre arvoredo
Não: não pedi amor nem amizade
Ó curva do horizonte, quem te passa
Música, sim, popular…
Xadrez
Sopra lá fora o vento
Há luz no tojo e no brejo
Não tenho razão
Brincava a criança
O que eu fui o que é?
A água da chuva desce a ladeira
Há música. Tenho sono
Hoje ’stou triste, ’stou triste
Passava eu na estrada pensando impreciso
O sonho que se opôs a que eu vivesse
O amor, quando se revela
Vaga história comezinha
É inda quente o fim do dia…
E, ó vento vago
O meu coração quebrou-se
No fim da chuva e do vento
O louco
Caminho a teu lado mudo
Há uma música do povo
A ’sperança, como um fósforo inda aceso
E a extensa e vária natureza e triste
A pálida luz da manhã de inverno
Sim, tudo é certo logo que o não seja
A tua voz fala amorosa…
Qual é a tarde por achar
Vou com um passo como de ir parar
Parece que estou sossegando
Aqui está-se sossegado
O céu de todos os invernos
Mas o hóspede inconvidado
Mas eu, alheio sempre, sempre entrando
Pela rua já serena
Tenho pena até… nem sei…
O som do relógio
Epitáfio desconhecido
Nas grandes horas em que a insônia avulta
O abismo é o muro que tenho
Relógio, morre —
Quem vende a verdade, e a que esquina?
Na noite que me desconhece
Mais triste do que o que acontece
Ó ervas frescas que cobris
Há quanto tempo não canto
Ó sorte de olhar mesquinho
Dormi. Sonhei. No informe labirinto
Dói-me quem sou. E em meio da emoção
Depois que todos foram
Sombra…
Árvore verde
Eu tinha um sonho
Vou em mim como entre bosques
Meus versos são meu sonho dado
Deixa-me ouvir o que não ouço…
A tua carne calma
Teu corpo real que dorme
Ah, a esta alma que não arde
Fito-me frente a frente
Que coisa é que na tarde
Sei bem que não consigo
Se eu pudesse não ter o ser que tenho
Não quero mais que um som de água
Deve chamar-se tristeza
Quem me roubou quem nunca fui e a vida?
Se sou alegre ou sou triste?…
O grande sol na eira
Grande sol a entreter
Maravilha-te, memória!
Não sei quantas almas tenho
Vem do fundo do campo, da hora
Deus não tem unidade
Entre o luar e o arvoredo
Deixo ao cego e ao surdo
Passam na rua os cortejos
Tenho pena e não respondo
Olha-me rindo uma criança
Quero ser livre insincero
Meu ruído de alma cala
Gnomos do luar que faz selvas
Minha mulher, a solidão
Na margem verde da estrada
Quando nas pausas solenes
A estrada, como uma senhora
Tão vago é o vento que parece
De aqui a pouco acaba o dia
É boa! Se fossem malmequeres!
Enfia a agulha
Parece estar calor, mas nasce
Gradual, desde que o calor
Como um vento na floresta
Quando fui peregrino
Do meio da rua
Por quem foi que me trocaram
Leve no cimo das ervas
Se tudo o que há é mentira
Cai chuva do céu cinzento
Passa entre as sombras de arvoredo
Há um grande som no arvoredo
Na orla do vento movem
Cai amplo o frio e eu durmo na tardança
Andavam de noite aos segredos
Parece às vezes que desperto
O ruído vário da rua
Cheguei à janela
Eu amo tudo o que foi
Há um murmúrio na floresta
O vento tem variedade
Já ouvi doze vezes dar a hora
Paisagens, quero-as comigo
Sonhei. Desperto. Um tédio doloroso
Quando é que o cativeiro
No fundo do pensamento
O mau aroma álacre
Vão breves passando
Não tenho quinta nenhuma
Fito-me frente a frente
Em plena vida e violência
Não sei ser triste a valer
Tenho sono em pleno dia:
Sou um evadido
As nuvens são sombrias
Guardo ainda, como um pasmo
Se penso mais que um momento
Não digas que, sepulto, já não sente
Desfaze a mala feita pra a partida!
Se estou só, quero não ’star
Bem, hoje que estou só e posso ver
No céu da noite que começa
Incidente
Não fiz nada, bem sei, nem o farei
Quando estou só reconheço
Vê-la faz pena de ’sperança
Uma maior solidão
Chove. Que fiz eu da vida?
Vem dos lados da montanha
Desperto sempre antes que raie o dia
Clareia cinzenta a noite de chuva
A lua (dizem os ingleses)
As lentas nuvens fazem sono
Segundo grau
E toda a noite a chuva veio
Eu tenho ideias e razões
Não, não é nesse lago entre rochedos
Tenho principalmente não ter nada
Pálida sombra esvoaça
Lembro-me ou não? Ou sonhei?
Basta pensar em sentir
Como nuvens pelo céu
Porque sou tão triste ignoro
O que o seu jeito revela
Nos jardins municipais
Por que, ó sagrado, sobre a minha vida
Quando já nada nos resta
Aquele peso em mim — meu coração
O sol dourava-te a cabeça loura
A aranha do meu destino
No meu sonho estiolaram
Lâmpada deserta
Ah, como incerta, na noite em frente
Vinha elegante, depressa
Lá fora onde árvores são
Ah, só eu sei
Nada que sou me interessa
O ponteiro dos segundos
Em outro mundo, onde a vontade é lei
Minhas mesmas emoções
Depois que o som da terra, que é não tê-lo
Rala cai chuva. O ar não é escuro. A hora
Eh, como outrora era outra a que eu não tinha!
Oscila o incensório antigo
Ouço sem ver, e assim, entre o arvoredo
Por que esqueci quem fui quando criança?
Ser consciente é talvez um esquecimento
Quanto fui jaz. Quanto serei não sou
Uma névoa de outono o ar raro vela
Que suave é o ar! Como parece
Do seu longínquo reino cor-de-rosa
Entre o sossego e o arvoredo
Ligéa
Nesta vida, em que sou meu sono
Vai pela estrada que na colina
Vi passar, num mistério concedido
Ladram uns cães a distância
Leves véus velam, nuvens vãs, a lua
Quero, terei —
Olhando o mar, sonho sem ter de quê
É um campo verde e vasto
Falhei. Os astros seguem seu caminho
Deixei de ser aquele que esperava
Quando, com razão ou sem
Tudo foi dito antes que se dissesse
Na noite em que não durmo
Vai alta a nuvem que passa
A novela inacabada
Sim, farei…; e hora a hora passa o dia…
Todas as coisas que há neste mundo
De além das montanhas
A lavadeira no tanque
Talhei, artífice de um morto rit
Há em tudo que fazemos
Meu coração tardou. Meu coração
A miséria do meu ser
Vão na onda militar
A criança que fui chora na estrada
(DREAM)
Sonhei, confuso, e o sono foi disperso
Se acaso, alheado até do que sonhei
Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Nada. Passaram nuvens e eu fiquei
Eu me resigno. Há no alto da montanha
A minha camisa rota
Onde o sossego dorme
Servo sem dor de um desolado intuito
Canta onde nada existe
Durmo, cheio de nada, e amanhã
Tenho esperança? Não tenho
Náusea. Vontade de nada
O vento sopra lá fora
Sopra o vento, sopra o vento
Vai lá longe, na floresta
Pálida, a Lua permanece
Nesta grande oscilação
Dorme, criança, dorme
Boiam farrapos de sombra
Verdadeiramente
O que é vida e o que é morte
Sabes quem sou? Eu não sei
Tenho escrito muitos versos
Se eu me sentir sono
Tudo que sou não é mais do que abismo
Sangra-me o coração. Tudo que penso
Flui, indeciso na bruma
Renego lápis partido
Tudo que sinto, tudo quanto penso
Quem me amarrou a ser eu
Sonho sem fim nem fundo
Eram varões todos
Já me não pesa tanto o vir da morte
Não digas nada! Que hás me de dizer?
Do fundo do fim do mundo
Tenho em mim como uma bruma
Canto a Leopardi
Teu perfil, teu olhar real ou feito
Como é por dentro outra pessoa
A lâmpada nova
Vaga saudade, tanto
Onde quer que o arado o seu traço consiga
As coisas que errei na vida
O sol que doura as neves afastadas
Ah quero as relvas e as crianças!
Deixem-me o sono! Sei que é já manhã
Deixei atrás os erros do que fui
Não digas nada!
Quero dormir. Não sei se quero a morte
Ah, verdadeiramente a deusa! —
Se alguém bater um dia à tua porta
Sim, vem um canto na noite
Tudo que amei, se é que o amei, ignoro
Tudo, menos o tédio, me faz tédio
A nuvem veio e o sol passou
Divido o que conheço
Começa, no ar da antemanhã
Deslembro incertamente. Meu passado
Se há arte ou ciência para ler a sina
Bem sei que estou endoidecendo
Bem sei que há ilhas lá ao Sul de tudo
A montanha por achar
A ciência, a ciência, a ciência…
Era isso mesmo —
Bem sei que todas as mágoas
Sim, já sei…
O som contínuo da chuva
Na véspera de nada
Sob olhos que não olham — os meus olhos —
Não tenho que sonhar que possam dar-me
Exígua lâmpada tranquila
Na paz da noite, cheia de tanto durar
Criança, era outro…
Onde, em jardins exaustos
Sá-Carneiro
Música… Que sei eu de mim?
A mão posta sobre a mesa
Não quero rosas, desde que haja rosas
Sim, está tudo certo
Tudo quanto penso
Um dia baço mas não frio…
O amor é que é essencial
Elegia na sombra
Desce a névoa da montanha
Já não me importo
O véu das lágrimas não cega
Ouvi os sábios todos discutir
Ah, como o sono é a verdade, e a única
Aquilo que a gente lembra
Sou o Espírito da treva
Um cansaço feliz, uma tristeza informe
Dormi, sonhei. No informe labirinto
Meu pensamento, dito, já não é
Sono
Volume 2
SUMÁRIO
NOTA DO EDITOR
OUTROS EUS
FICÇÕES DO INTERLÚDIO | POEMAS DE ALBERTO CAEIRO
O GUARDADOR DE REBANHOS (1911-1912)
Eu nunca guardei rebanhos
O meu olhar é nítido como um girassol
Ao entardecer, debruçado pela janela
Esta tarde a trovoada caiu
Há metafísica bastante em não pensar em nada
Pensar em Deus é desobedecer a Deus
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo…
Num meio-dia de fim de primavera
Sou um guardador de rebanhos
“Olá, guardador de rebanhos
Aquela senhora tem um piano
Os pastores de Virgílio tocavam avenas e outras coisas
Leve, leve, muito leve
Não me importo com as rimas. Raras vezes
As quatro canções que seguem
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
No meu prato que mistura de Natureza!
Quem me dera eu fosse o pó da estrada
O luar quando bate na relva
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Se eu pudesse trincar a terra toda
Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
O meu olhar azul como o céu
O que nós vemos das coisas são as coisas
As bolas de sabão que esta criança
Às vezes, em dias de luz perfeita e exata
Só a Natureza é divina, e ela não é divina…
Li hoje quase duas páginas
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo
Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o
Se às vezes digo que as flores sorriem
Ontem à tarde um homem das cidades
Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares
Acho tão natural que não se pense
O luar através dos altos ramos
E há poetas que são artistas
Como um grande borrão de fogo sujo
Bendito seja o mesmo sol de outras terras
O mistério das coisas, onde está ele?
Passa uma borboleta por diante de mim
No entardecer dos dias de Verão, às vezes
Passou a diligência pela estrada, e foi-se
Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto
Acordo de noite subitamente
Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta
Deste modo ou daquele modo
Num dia excessivamente nítido
Da mais alta janela da minha casa
Meto-me para dentro, e fecho a janela
O PASTOR AMOROSO
Quando eu não te tinha
Vai alta no céu a lua da Primavera
O amor é uma companhia
O pastor amoroso perdeu o cajado
Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela
Todos os dias agora acordo com alegria e pena
POEMAS INCONJUNTOS (1913-1915)
Não basta abrir a janela
Falas de civilização, e de não dever ser
Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo
Criança desconhecida e suja brincando à minha porta
Verdade, mentira, certeza, incerteza…
Uma gargalhada de rapariga soa do ar da estrada
Noite de S. João para além do muro do meu quintal
Ontem o pregador de verdades dele
Tu, místico, vês uma significação em todas as coisas
Pastor do monte, tão longe de mim com as tuas ovelhas —
Dizes-me: tu és mais alguma coisa
A espantosa realidade das coisas
Quando tornar a vir a Primavera
Se eu morrer novo
Quando vier a Primavera
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia
É noite. A noite é muito escura. Numa casa a uma grande distância
Nunca sei como é que se pode achar um poente triste
Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol
Quando a erva crescer em cima da minha sepultura
Se o homem fosse, como deveria ser
O único mistério do Universo é o mais e não o menos
O Universo não é uma ideia minha
Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento
O espelho reflete certo; não erra porque não pensa
Estas verdades não são perfeitas porque são ditas
A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
De longe vejo passar no rio um navio…
Creio que irei morrer
A noite desce, o calor soçobra um pouco
Estou doente. Meus pensamentos começam a estar confusos
Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável
Seja o que for que esteja no centro do Mundo
Pouco me importa
A guerra que aflige com seus esquadrões o Mundo
Todas as opiniões que há sobre a natureza
Navio que partes para longe
Pouco a pouco o campo se alarga e se doura
Última estrela a desaparecer antes do dia
A água chia no púcaro que elevo à boca
O que ouviu os meus versos disse-me: Que tem isso de novo?
Ah! Querem uma luz melhor que a do Sol!
Gozo os campos sem reparar para eles
Vive, dizes, no presente
Hoje de manhã saí muito cedo
Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã
Também sei fazer conjeturas
A neve pôs uma toalha calada sobre tudo
É talvez o último dia da minha vida
FICÇÕES DO INTERLÚDIO | ODES DE RICARDO REIS
Mestre, são plácidas
Os deuses desterrados
Coroai-me de rosas
O Deus Pã não morreu
De Apolo o carro rodou pra fora
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
Ao longe os montes têm neve ao sol
Só o ter flores pela vista fora
A palidez do dia é levemente dourada
Não tenhas nada nas mãos
Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo
As rosas amo dos jardins de Adônis
Cuidas, ínvio, que cumpres, apertando
Não consentem os deuses mais que a vida
Cada coisa a seu tempo tem seu tempo
Da nossa semelhança com os deuses
Só esta liberdade nos concedem
Aqui, Neera, longe
Da lâmpada noturna
O ritmo antigo que há em pés descalços
Vós que, crentes em Cristos e Marias
O mar jaz; gemem em segredo os ventos
Antes de nós nos mesmos arvoredos
Acima da verdade estão os deuses
Anjos ou deuses, sempre nós tivemos
Tirem-me os deuses
Bocas roxas de vinho
Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Prefiro rosas, meu amor, à pátria
Felizes, cujos corpos sob as árvores
Segue o teu destino
Feliz aquele a quem a vida grata
Não a ti, Cristo, odeio ou te não quero
Não a ti, Cristo, odeio ou menos prezo
Sofro, Lídia, do medo do destino
Uma após uma as ondas apressadas
Seguro assento na coluna firme
Não quero as oferendas
Vossa formosa juventude leda
Não canto a noite porque no meu canto
Não quero recordar nem conhecer-me
A abelha que, voando, freme sobre
Dia após dia a mesma vida é a mesma
Flores que colho, ou deixo
A flor que és, não a que dás, eu quero
Melhor destino que o de conhecer-se
De novo traz as aparentes novas
Quão breve tempo é a mais longa vida
Tão cedo passa tudo quanto passa!
Prazer, mas devagar
Este, seu ’scasso campo ora lavrando
Como se cada beijo
Tuas, não minhas, teço estas grinaldas
Olho os campos, Neera
No ciclo eterno das mudáveis coisas
Já sobre a fronte vã se me acinzenta
Não só vinho, mas nele o olvido, deito
Quanta tristeza e amargura afoga
Frutos, dão-os as árvores que vivem
Gozo sonhado é gozo, ainda que em sonho
Solene passa sobre a fértil terra
Atrás não torna, nem, como Orfeu, volve
A nada imploram tuas mãos já coisas
Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro
Lenta, descansa a onda que a maré deixa
O sono é bom pois despertamos dele
O rastro breve que das ervas moles
Pesa o decreto atroz do fim certeiro
Nos altos ramos de árvores frondosas
Inglória é a vida, e inglório o conhecê-la
Tudo que cessa é morte, e a morte é nossa
A cada qual, como a ’statura, é dada
Nem da erva humilde se o Destino esquece
Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba!
Negue-me tudo a sorte, menos vê-la
Se recordo quem fui, outrem me vejo
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Tênue, como se de Éolo a esquecessem
No breve número de doze meses
Não sei de quem recordo meu passado
O que sentimos, não o que é sentido
Quer pouco: terás tudo
Não só quem nos odeia ou nos inveja
Não quero, Cloé, teu amor, que oprime
Não sei se é amor que tens, ou amor que finges
Nunca a alheia vontade, inda que grata
No mundo, só comigo, me deixaram
Os deuses e os Messias que são deuses
Do que quero renego, se o querê-lo
Sim, sei bem
Breve o dia, breve o ano, breve tudo
Domina ou cala. Não te percas, dando
Tudo, desde ermos astros afastados
Ninguém, na vasta selva virgem
Se a cada coisa que há um deus compete
Quanto faças, supremamente faze
Rasteja mole pelos campos ermos
Azuis os montes que estão longe param
Lídia, ignoramos. Somos estrangeiros
Severo narro. Quanto sinto, penso
Sereno aguarda o fim que pouco tarda
Ninguém a outro ama, senão que ama
Vive sem horas. Quanto mede pesa
Nada fica de nada. Nada somos
Para ser grande, sê inteiro: nada
Quero ignorado, e calmo
Cada dia sem gozo não foi teu
Pois que nada que dure, ou que, durando
Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge
Aqui, neste misérrimo desterro
Uns, com os olhos postos no passado
Súdito inútil de astros dominantes
Aguardo, equânime, o que não conheço —
Vivem em nós inúmeros
Ponho na altiva mente o fixo esforço
Temo, Lídia, o destino. Nada é certo
Não queiras, Lídia, edificar no ’spaço
Saudoso já deste verão que vejo
Deixemos, Lídia, a ciência que não põe
É tão suave a fuga deste dia
Para os deuses as coisas são mais coisas
No magno dia até os sons são claros
Quero dos deuses só que me não lembrem
Aos deuses peço só que me concedam
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre
Meu gesto que destrói
Sob a leve tutela
FICÇÕES DO INTERLÚDIO | POESIAS DE ÁLVARO DE CAMPOS
Quando olho para mim não me percebo
A Praça da Figueira de manhã
Opiário
Ode triunfal
Dois excertos de odes
Ode marítima
Saudação a Walt Whitman
A Fernando Pessoa
Passagem das horas
A Casa Branca Nau Preta
No lugar dos palácios desertos e em ruínas
Não sei. Falta-me um sentido, um tato
Soneto já antigo
Lisbon revisited
Se te queres matar, por que não te queres matar?
Lisbon revisited (1926)
Faróis distantes
O florir do encontro casual
Nas praças vindouras — talvez as mesmas que as nossas —
Tabacaria
Escrito num livro abandonado em viagem
Apostila
Demogorgon
Adiamento
Mestre, meu mestre querido!
Na noite terrível, substância natural de todas as noites
Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra
Nuvens
Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
The Times
Gazetilha
Insônia
Acaso
Reticências
Apontamento
De la musique
Aniversário
Nunca, por mais que viaje, por mais que conheça
Bicarbonato de soda
Trapo
Chega através do dia de névoa alguma coisa do esquecimento
Grandes são os desertos, e tudo é deserto
Cruz na porta da tabacaria!
Tenho uma grande constipação
Sim, sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo
Ah, um soneto…
Realidade
E o esplendor dos mapas, caminho abstrato para a imaginação concreta
Psiquetipia (ou Psicotipia)
Magnificat
Pecado original
Datilografia
Lisboa com suas casas
Esta velha angústia
Na casa defronte de mim e dos meus sonhos
Domingo irei para as hortas na pessoa dos outros
Começa a haver meia-noite, e a haver sossego
Depus a máscara e vi-me ao espelho —
Na véspera de não partir nunca
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Às vezes tenho ideias felizes
Símbolos? Estou farto de símbolos…
Ali não havia eletricidade
Não: devagar
Os antigos invocavam as Musas
Há mais de meia hora
Eu, eu mesmo..
Estou cansado, é claro
Não estou pensando em nada
O sono que desce sobre mim
Estou tonto
Todas as cartas de amor são
Quero acabar entre rosas, porque as amei na infância
O frio especial das manhãs de viagem
No fim de tudo dormir
Gostava de gostar de gostar
Encostei-me para trás na cadeira de convés e fechei os olhos
O tumulto concentrado da minha imaginação intelectual…
Ah, perante esta única realidade, que é o mistério
Contudo, contudo
Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir
O binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo
Não, não é cansaço..
Mas eu, em cuja alma se refletem
O descalabro a ócio e estrelas…
Ora até que enfim…, perfeitamente…
O mesmo Teucro duce et auspice Teucro
Ah, onde estou ou onde passo, ou onde não estou nem passo
Que lindos olhos de azul inocente os do pequenito do agiota!
Que noite serena!
O ter deveres, que prolixa coisa!
Começo a conhecer-me. Não existo
Vai pelo cais fora um bulício de chegada próxima
Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
A plácida face anônima de um morto
Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados
Marinetti, acadêmico
Ode marcial
Là-bas, je ne sais où…
Dobrada à moda do Porto
Poema em linha reta
Vilegiatura
Clearly non-Campos!
Barrow-on-Furness
OUTRAS LÍNGUAS
POEMAS INGLESES
35 SONNETS
Whether we write or speak or are but seen
If that apparent part of life’s delight
When I do think my meanest line shall be
I could not think of thee as piecèd rot
How can I think, or edge my thoughts to action
As a bad orator, badly o’er-book-skilled
Thy words are torture to me, that scarce grieve thee —
How many masks wear we, and undermasks
Oh to be idle loving idleness!
As to a child, I talked my heart asleep
Like to a ship that storms urge on its course
As the lone, frighted user of a night-road
When I should be asleep to mine own voice
We are born at sunset and we die ere morn
Like a bad suitor desperate and trembling
We never joy enjoy to that full point
My love, and not I, is the egoist
Indefinite space, which, by co-substance night
Beauty and love let no one separate
When in the widening circle of rebirth
Thought was born blind, but Thought knows what is seeing
My soul is a stiff pageant, man by man
Even as upon a low and cloud-domed day
Something in me was born before the stars
We are in Fate and Fate’s and do but lack
The world is woven all of dream and error
How yesterday is long ago! The past
The edge of the green wave whitely doth hiss
My weary life, that lives unsatisfied
I do not know what truth the shown untruth
I am older than Nature and her Time
When I have sense of what to sense appears
He that goes back does, since he goes, advance
Happy the maimed, the halt, the mad, the blind —
Good. I have done. My heart weighs. I am sad
Antinous
Inscriptions
EPITHALAMIUM
Set ope ali shutters, that the day come in
Part from the windows the small curtains set
Open the windows and the doors all wide
Let the wide light come through the whole house now
Now will her grave of untorn maidenhood
Sing at her window, ye heard early wings
Now is she risen. Look how she looks down
Look how over her seeing-them-not her maids
Now is she gowned completely, her face won
Now is she issued. List how all speech pines
Hang with festoons and wreaths and coronals
This is the month and this the day
No more, no more of church or feast, for these
The bridegroom aches for the end of this and lusts
Even ye, now old, that to this come as to
No matter now or past or future. Be
In a red bacchic surge of thoughts that beat
Io! Io! There runs a juice of pleasure’s rage
Set the great Flemish hour aflame!
But these are thoughts or promises or but
And ye, that wed to-day, guess these instincts
Separated from thee, treasure of my heart
Anamnesis
ALGUNS POEMAS DE ‘‘ THE MAD FIDDLER’’ E OUTROS POEMAS DIVERSOS
The Abyss
The End
Meantime
Spell
POEMAS FRANCESES
Trois chansons mortes
Aux volets clos de votre revê épanoui
Le sourire de tes yeux bleus
POEMAS TRADUZIDOS PARA O PORTUGUÊS
O Corvo
Annabel Lee
Ulalume
Da antologia grega
Hino a Pã
Catarina a Camões
Godiva
Lucy
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