Realizaç
ão e apoio
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Este projeto foi contemplado pelo Edital 12/2015 Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior), do Programa “Memórias Brasileiras – Conflitos Sociais”, Processo 88887.130836/2016-00, sob coordenação geral de Cristina Scheibe Wolff.
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Além de um webdocumentário
, em breve disponível no sítio do Laboratório de Estudos de Gênero e História da UFSC, www.legh.cfh.ufsc.br.
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Disponível em: https://youtu.be/0jq8tU1WUj4. Acesso em: 28 jul. 2019
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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
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Maria Amélia de Almeida Teles (1941) é diretora da União de Mulheres de São Paulo, coordenadora do Projeto Promotoras Legais Populares.
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A entrevista foi realizada por Cintia Lima Crescêncio e Luísa Dornelles Briggmann, com a gravação de imagem feita por Elaine Schmitt e apoio técnico de Tamy Amorim da Silva.
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A ideia de primeira e segunda ondas, como chamou atenção Joana Maria Pedro, imprimiu a noção de que as ideias feministas têm formado ondas, com um centro irradiador, geralmente França e Estados Unidos, e suas margens, outras partes do mundo, e essas são divididas em duas, pois comportam ações e pensamentos distintos (PEDRO, 2011, p. 271). A primeira aparece em meados do século XIX e é associada ao sufrágio, a segunda está vinculada a pautas contra o sistema de dominação masculina, à sororidade, ao (re)conhecimento do prazer e do corpo a partir dos olhos das próprias mulheres. Esse recorte foi bastante usado por feministas como uma forma de distanciar o pensamento do início do século XIX, considerado burguês (WOLFF; CRESCÊNCIO; PEDRO, 2016, p. 54).
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A pesquisa comparativa desenvolvida pelo Laboratório de Estudos de Gênero e História compreende que não se pode pensar as ditaduras e os movimentos de resistência no Cone Sul de
forma isolada, sendo primordial levar em consideração que o Paraguai, o Brasil, o Chile, a Bolívia, o Uruguai e a Argentina passaram por governos militares em algum período, entre as décadas de 1950 e 1990. Por esse motivo, as histórias dessas nações, das pessoas que foram entrevistadas, estão conectadas por meio de redes de resistência, de circulação de pensamento, além do que, também, houve uma rede por parte das forças armadas para reprimir pessoas, chamado oficialmente de Projeto Condor (PEDRO; WOLFF, 2011, p. 41).
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Mais questões relacionadas às histórias e vivências dessas militantes durante o exílio podem ser encontradas no capítulo deste livro escrito por Eloisa Rosalen.
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Essas e outras questões referentes à presença de mulheres nas organizações de esquerda durante o período ditatorial são aprofundadas no capítulo deste livro escrito por Cristina Scheibe Wolff e Luísa Dornelles Briggmann.
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Maria Odila Leite da Silva Dias (1940) é professora aposentada da USP. Recebeu o título de professora emérita da Faculdade de Filosofia da USP em 2013.
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Como pontua Céli Pinto (2003, p. 46), até o ano de 1962, a mulher tinha sua cidadania controlada pelo marido.
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Essa organização foi uma das promotoras de esterilização em massa, principalmente em mulheres pobres, e experimentação de anticoncepcionais reprovados em países europeus (TELES, 2015, p. 1006).
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Conforme Marcelo Ridenti, o AI-5, promulgado em 1968, que deu amplos poderes aos militares e oficializou o Terrorismo de Estado, despontou as guerrilhas armadas urbanas e rurais devido o recrudescimento da repressão (ainda que já tivessem ocorrido ações anteriormente) (RIDENTI, 2007, p. 37-50).
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Claudia Regina Nichnig, em seu capítulo deste livro, analisa mais profundamente os encontros feministas que aconteceram nas décadas de 1970 e 1980.
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Para mais informações sobre a imprensa feminista durante as décadas de 1970 e 1980, ver o capítulo escrito por Barbara Popadiuk, Elaine Schmitt e Karina Janz Woitowicz, neste livro.
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Informações retiradas do site do Grupo: http://gmulhermaravilha.blogspot.com/. Acesso em: 23 jul. 2019.
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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
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Estes são caracterizados por valores e reivindicações que incluíam, além de igualdade em direitos trabalhistas e oportunidades de estudo, a paridade nos espaços de poder, a luta contra a violência, o direito ao corpo e ao prazer e a afirmação de que o pessoal é político (PEDRO, 2006).
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O MFPA surgiu da articulação de mulheres paulistas na defesa dos atingidos pelo regime autoritário a partir de 1964, tendo como objetivo inicial a conquista da anistia. Núcleos espalharam-se por todos os estados reunindo dezenas de mulheres. Registrado em cartório, o Movimento foi presidido nacionalmente pela advogada Therezinha Zerbine, entre 1975 e 1979. Ver Duarte (2012).
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“O núcleo cearense do MFPA é o terceiro a ser criado, em março de 1976. Sua origem remete às reuniões de familiares de presos políticos no ano anterior, em Fortaleza, para discutir formas de intervenção e defesa de parentes encarcerados pela ditadura” (DUARTE, 2009, p. 22).
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Além do União das Mulheres, também foi fundado em Pernambuco o Ação Mulher, em 1978, com características mais autônomas em relação aos partidos. O Centro da Mulher de João Pessoa, que foi criado em 1979, após a realização do I Encontro Nacional Feminista da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza, passou a ser denominado posteriormente de Grupo Maria Mulher. Em 1980, no Maranhão, surgiu o Grupo Mulheres da Ilha, também de caráter mais autônomo, segundo Ferreira (2011, p. 3-4).
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Mulher se mata com fogo porque não podia cumprir leis impostas pelo marido. Jornal do Brasil
. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=030015_10&pasta=ano%20198&pesq=maria%20celizete. Acesso em: 17 dez. 2018.
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Entre os mandamentos impostos pelo marido estavam: 1) Nunca lhe ofender com palavras ásperas; 3) Durante sua ausência por motivos de viagem a serviço do Banco, não sair em passeio por qualquer motivo, tais como: praia, cinema, festas em clube ou residência; 6) transferir todo o patrimônio que estiver em seu nome para seu marido, não podendo desta data em diante comprar nada no seu próprio nome; 7) Em caso de ser empregada em qualquer atividade empresarial, o seu ordenado depois de tirada determinada quantia para compras de objeto de uso pessoal com a devida autorização, o restante será entregue ao seu marido para a garantia do futuro do casal. Jornal O POVO
, 6 de janeiro de 1981, p. 8.
25
O Estatuto da UMC foi aprovado em 8 de março de 1981, durante a realização do II Encontro da Mulher Cearense, conta com 31 artigos, os quais tratam desde a finalidade da entidade, caráter, objetivos, organização e funcionou como documento que regulava a instituição.
26
De acordo com Vitorino (1994), esses números foram levantados a partir das fichas de cadastro que eram realizadas no momento da associação à entidade.
27
Por exemplo, podemos analisar algumas publicações do periódico O Pasquim
, que começou a circular em 1969. O jornal era de esquerda e fazia críticas à ditadura militar, também, reservava espaço em suas páginas para criticar as feministas, fossem a partir de charges ou de matérias, nas quais a estética das mulheres intituladas feministas era duramente atacada. Ver mais em: Crescêncio (2017).
28
Informe 1132/82, 16 setembro de 1982. Setor Comunismo, not.159, folha 318-308. Fundo Dops. Aperj.
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Relatório descritivo a respeito da dissidência do movimento 4 de janeiro no II Congresso da Mulher Cearense e à declaração que a entrevistada Maria Verônica Guedes afirmou ser sua. Em citação: “O fato da Direção do Congresso, em apreço, a ver ficado a cargo da União das Mulheres Cearenses, gerou descontentamento por parte dos grupos feministas.” As pessoas do movimento 4 de janeiro denunciavam a manipulação do Congresso, com objetivo de tirar proveitos políticos esquecendo dos reais interesses das mulheres.
30
Os 11 registros encontrados acerca da militante na plataforma do Sistema de Informações do Arquivo Nacional acompanhavam a sua trajetória antes de sua elaboração na Frente Feminista 4 de janeiro. Dentre eles, o ACE 39673/79, 1979, o ACE 792/82, 1982, e o ACE 6680/ 85, 1985, chamam a atenção por apresentarem termos de cunho pejorativo ao realizarem o mapeamento dos infiltrados em Fortaleza, associando Maria Verônica da Silva Guedes à sua identificação como “não-estudante”. Os documentos trazem à tona, termos como “militantes simpatizantes” “infiltrados comunistas trotskistas”. Termos esses que muitas vezes se repetem por questões técnicas e de padronização dos arquivos, mas também por estabelecerem a cultura do medo por meio das nomenclaturas que causam efeitos de sentido. Para além deles, outra coisa brotava do discurso comum das comunidades. Trata-se da identidade de grupo, numeroso e poderoso, que se reconhecia na avaliação que superestimava a força do “inimigo” (FICO, 2001, p. 218).
31
Em um panfleto distribuído em Fortaleza, em janeiro de 1984, o CPM se coloca como uma entidade que “não pretende o monopólio das opiniões e das ações de todas as mulheres, pois considera que a perspectiva democrática que orientou sua criação, está em sintonia com os interesses de uma população saturada de autoritarismo” [...]. E complementa que “defende a existência natural das entidades representativas das mulheres e a defesa intransigente de seus interesses [...]” (ACE 39673/84, 1984, Serviço Nacional de Informações. Fundo SNI. Arquivo Nacional – Coordenação do Distrito Federal).
32
Serviço Nacional de Informações. Fundo SNI. Arquivo Nacional – Coordenação Regional do Distrito Federal (AN-COREG).
33
Serviço Nacional de Informações. Fundo SNI. Arquivo Nacional – Coordenação Regional do Distrito Federal (AN-COREG).
34
Presidência da República – agência de Fortaleza. Fundo SNI. Arquivo Nacional – Coordenação Regional do Distrito Federal (AN-COREG).
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Presidência da República – agência de Fortaleza. Fundo SNI. Arquivo Nacional – Coordenação Regional do Distrito Federal (AN-COREG).
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Presidência da República – agência de Fortaleza. Fundo SNI. Arquivo Nacional – Coordenação Regional do Distrito Federal (AN-COREG).
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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
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Registramos nossos agradecimentos à Fernanda Fernandes, que possibilitou o acesso ao acervo de publicações do Cefuria e o empréstimo de materiais para digitalização.
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As observações de Bernardo Kucinski vão ao encontro dessa perspectiva, ao destacarem o rechaço da imprensa alternativa às questões das mulheres: “Enquanto um novo movimento feminista explodia na Europa desde o começo dos anos de 1970, no Brasil a questão da mulher era desprezada por diversos jornais alternativos importantes. [...] No Brasil, o feminismo ainda era tratado com desdém e mesmo chacota, inclusive por O Pasquim
, que fazia o gênero do jornal machista como parte de sua postura geral “anti-classe média moralista”, especialmente através dos artigos de Ivan Lessa, Ziraldo e Paulo Francis. Freqüentemente, associavam feminismo à frustração sexual” (2003, p. 124).
40
Antes mesmo das primeiras iniciativas de comunicação alternativa de mulheres no Brasil, registra-se a participação de brasileiras exiladas em experiências de imprensa feminista durante a ditadura militar. Nesse sentido, destaca-se a edição do periódico Nosotras
(1974-1976), do Grupo Latino-Americano de Mulheres em Paris, fundado por Danda Prado, na França, em 1972; e do Agora é que são elas
(1975), publicado pelo Círculo de Mulheres Brasileiras, formado por exiladas brasileiras em Paris.
41
Maria Quitéria tinha o propósito de para divulgar as atividades do Movimento Feminino pela Anistia, não podendo ser caracterizado como um jornal. A esse respeito, ver: RAMOS, 2002, p. 57.
42
Publicado pelo Movimento Lésbico-Feminista (MLF), formado por mulheres dissidentes do Grupo Somos, fundado em 1978, conhecido como primeiro grupo homossexual politicamente organizado no Brasil. Segundo Elizabeth Cardoso (2004, p. 46), “com tiragem de, em média, 200 exemplares por edição e periodicidade instável, entre trimestral e quadrimestral, o ChanacomChana
circulou durante toda a década de 80, com sua última edição publicada no ano de 1989”.
43
O arquivo completo do jornal, em formato digital, foi disponibilizado pela Fundação Carlos Chagas e pode ser acessado em: https://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/mulherio/historia.html
44
O arquivo completo do jornal, em formato digital, foi disponibilizado pela Fundação Carlos Chagas e pode ser acessado em: https://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/nosmulheres/
45
Edições avulsas do jornal Chanacomchana
podem ser acessadas na Hemeroteca Digital Leila Miccolis, no site do acervo Bajubá, disponível em: http://acervobajuba.com.br/hemeroteca-digital-leila-miccolis/
46
“[...] O Brasil Mulher
já era conhecido pelas feministas exiladas militantes do Círculo de Mulheres de Paris. A correspondência e o diálogo eram freqüentes entre a direção do jornal e o coletivo de mulheres exiladas, de onde se origina grande parte das militantes do Nós Mulheres
. E, mais, o Brasil Mulher
já era sabidamente, nessa época, constituído por mulheres militantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), da Ação Popular Marxista Leninista (APML) e do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Quanto ao Círculo de Mulheres de Paris, cabe dizer que era
formado por feministas de esquerda integrantes, em sua maioria, do Debate, dissidência política que surge no exílio agrupando ex-militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e mulheres autônomas. Ao voltar ao Brasil, esse segmento lança o Nós Mulheres
.” (LEITE, 2003, p. 235-236).
47
O jornal foi fundado por Joana Lopes em Londrina/PR. Pago com o salário da jornalista, o BM
foi impresso nas oficinas da Folha da Manhã
e levado para são Paulo dentro de uma mala de viagem (KUCINSKI, 2003, p. 125). Lançado com o apoio do Movimento Feminino pela Anistia (MFA), criado no mesmo ano (1975) por Therezinha Zerbini, o jornal foi transferido, a partir da sua segunda edição, para São Paulo.
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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
49
Citamos como exemplo a capa da Revista Veja
, Edição 2315, de 3 de abril de 2013, que optou por abordar a nova lei que de forma inédita garantiu direitos trabalhistas às domésticas semelhantes às demais categorias de trabalhadores, retratando um executivo vestido em um avental lavando a louça, emburrado, com a chamada “Você amanhã”.
50
Também referência a uma matéria publicada pela Revista Veja
em 18 de abril de 2016.
51
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Informações disponíveis em: https://www.mdh.gov.br/. Acesso em: 16 maio 2019.
52
Exemplos nos pareceres de censura da Polícia Federal dos filmes Procura insaciável
(no original Taking Off
), de 1971, e mais tarde em 1976 e 1981; ou nos pareceres do filme A filha da pecadora
(no original Desert Fury
), de 1969, 1981 e 1987.
53
Exemplo em Correio do Povo
. Porto Alegre, 17/05/1969, p. 4.
54
Disciplina criada durante a ditadura, pela Lei 5.692/71, para substituir Geografia e História nas séries iniciais do ensino fundamental, anulando o caráter crítico e as especificidades dessas disciplinas (SILVA; FONSECA, 2010).
55
Ilustração extraída de A criança, a família, a escola
, livro de Estudos Sociais para a 1ª série, de Yolanda Marques, publicado em 1981 pela Companhia Editora Nacional. Redação da ilustração: “Papai é o chefe da família. Ele trabalha para nos sustentar. Mamãe cuida da nossa casa. Nossa casa está sempre limpa e arrumada. Eu e meus irmãos estudamos. Em casa, todos ajudam e cada um tem seu dever.”
56
Tripla jornada no caso por exemplo de trabalhadoras rurais: produção para a venda, produção para o consumo e trabalho doméstico. Mulheres militantes também mencionam triplas jornadas: trabalho remunerado, trabalho doméstico e militância política.
57
Últimas frases do artigo “Por que é preciso ser livre”, de Carmen da Silva, publicado em Claudia
. São Paulo, n. 119, ano X, ago. 1971, p. 130-135.
58
SILVA, Carmen da. O complexo de dona de casa. Claudia
. São Paulo, n. 81, ano VIII, jun. 1968, p. 120.
59
SILVA, Carmen da. Desconfie do homem que se diz feminista (é mais um truque do machão!). Claudia. São Paulo, n. 189, ano XVI, jun. 1977, p. 166, grifos da autora.
60
Reconhecemos que, de modo geral e apesar da continuidade de muitas pautas, os feminismos das décadas de 1960 e 1970 trouxeram debates políticos que marcaram diferenças em relação às demandas dos movimentos feministas anteriores, bastante focados nos direitos políticos e civis.
61
Como ficaram conhecidos os eventos de 2015 que levaram milhares de mulheres em diferentes localidades do Brasil às ruas, organizadas em torno de pautas feministas.
62
Há um compilado de recortes sobre essas notícias no acervo da biblioteca da Fundação Carlos Chagas, em São Paulo.
63
Cf. pesquisa anterior: MELLO, 2016.
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É possível acessar alguma dessa produção em resultado de pesquisa anterior (MELLO, 2011).
65
Um pouco sobre essa questão pode ser lido em Silvia Medeiros (2018).
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Em 2006, a professora Hildete Pereira de Melo organiza um dossiê na Revista Gênero
da UFF focado na temática gênero e trabalho, no qual foi publicado na íntegra o Projeto de Lei que visava a possibilidade da aposentadoria das donas de casa de baixa renda, além de nota técnica sobre a questão. Gênero.
Niterói, v. 6, n. 2 – v. 7, n. 1, p. 241-252, 2006. Disponível em: http://www.periodicos.uff.br/revistagenero/issue/view/1673/showToc
Acesso em: 07 nov. 2019.
68
Citamos novamente como exemplo Claudia
. São Paulo, n. 349, ano 29, out. 1990, p. 46-53.
70
Lembramos, por exemplo, da CPI da Mulher publicada pelo Senado Federal em 1978, resultado dos trabalhos que se desdobraram entre abril e setembro de 1977. Está disponível na íntegra em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/84968
. Acesso em: 26 maio 2019.
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Texto desenvolvido a partir do quarto capítulo de minha tese de doutorado (GEROLETI, 2019). O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
73
“ABC paulista” é o nome dado à região do Estado de São Paulo que compreende os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.
74
Sobre o tema, ver Maria Valéria Juno Pena e Gláucia Fraccaro: no final do século XIX as operárias – que representavam 78,3 % da força de trabalho utilizada na indústria – participaram das lutas pelo aumento dos salários, pela redução na jornada de trabalho e melhoria das condições de trabalho, embora estivessem ausentes do movimento de reivindicação oficial e das negociações durantes as greves (PENA, 1981), e também destacaram-se no movimento operário tendo suas pautas específicas inserindo-se na pauta ampla movimento operário de São Paulo nas três primeiras décadas do século XX (FRACCARO, 2016).
75
Situada na fase protetiva do direito do trabalho da mulher, a proibição do trabalho noturno para as mulheres esteve presente desde o decreto n. 21.417 de 1932, primeira legislação que tratou da situação das mulheres trabalhadoras no Brasil (BRASIL, 1932). Sobre as mudanças na legislação do trabalho noturno, ver Geroleti (2017).
76
Os três jornais fazem parte da história do feminismo brasileiro. O jornal Brasil Mulher
circulou entre 1975 e 1979; Nós Mulheres
entre 1976 e 1978 e Mulheri
o foi lançado em maio de 1981 e circulou até 1988.
77
Conhecida por Tita Dias, foi dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo entre 1979 e 1988 e responsável pela recriação do Departamento Feminino nesse sindicato em 1979. Filiada e militante do Partido dos Trabalhadores (PT), foi vereadora da cidade de São Paulo entre 1989 e 1992, no governo de Luiza Erundina, e entre 2003 e 2004.
78
No sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, o I Congresso da Mulher Metalúrgica realizado em 1978 criou a Comissão da Mulher Metalúrgica; no sindicato dos Químicos e Plásticos
de São Paulo a partir da vitória da oposição em 1982 as mulheres começaram a mobilizar-se em atividades, debates e pequenos encontros com as trabalhadoras (FERREIRA, 2005).
79
A Folha Bancária
é o mais antigo veículo de informação do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e suas edições estão disponíveis para consulta no CEDOC Digital – Centro de Documentação e Memória dos Bancários pelo site http://spbancarios.com.br/cedoc.
80
O Centro da Mulher Brasileira foi fundado em setembro de 1975 no Rio de Janeiro, como desmembramento de grupos de reflexão feministas existentes desde 1972, sendo um dos marcos fundadores do feminismo de “segunda onda” no Brasil (PEDRO, 2012).
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Maria Ruth dos Santos Escobar (1935-2017) nasceu em Portugal, além de produtora, ativista política, Ruth atuou com as feministas mediante a Frente de Mulheres Feministas do Estado de São Paulo. Filiou-se ao MDB, partido que cumpriu dois mandatos de deputada estadual entre 1983 e 1991. Em 1985, foi a primeira presidente do Conselho Nacional dos Direitos Mulher.
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Carmen Barroso, cientista social, trabalhou na Fundação Carlos Chagas e na Universidade de São Paulo, quando iniciou seus trabalhos sobre gênero. Integra o Grupo Independente de Especialistas da Estratégia Global da ONU sobre Saúde da Mulher.
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Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy, psicóloga e sexóloga, em 1980 integrou o quadro de apresentadores do programa TV Mulher, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, quando passou a militar e ministrar diversas palestras sobre a causa feminista e homossexual, ingressando na política institucional na década de 1990.
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Irede Cardoso (1938-2000) foi jornalista, vereadora e militante feminista, integrando várias frentes feministas como o Grupo Pró-Mulher e a Frente de Mulheres Feministas. Foi eleita vereadora do município de São Paulo em 1982 pelo PT e reeleita em 1986.
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Eva Alterman Blay é socióloga e professora aposentada da Universidade de São Paulo, efetuou inúmeras pesquisas sobre as mulheres, destacando-se sua tese de doutorado sobre as mulheres na indústria paulista (BLAY, 1978). Foi presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, no governo Franco Montoro (1983-1987).
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Sílvia Carlos da Silva Pimentel, professora de Direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) desde 1977, advogada e feminista, participou dos debates e das lutas feministas desde a década de 1970.
87
A função de Moça Bradesco foi criada pelo banco Bradesco, perdurando entre 1976 e 1987 (GEROLETI, 2019).
88
O documento pode ser lido em Moraes (1981, p. 273). Reunidas em Valinhos/SP, dias depois do encerramento, as feministas fizeram um balanço do 2.º Congresso, decidindo por expulsar as entidades responsáveis pelos incidentes do 2.º Congresso (MORAES, 1981).
89
O jornal Folha de São Paulo
foi criado em 1921, destacando-se pela longevidade e constante mudança ao longo do tempo. Sobre a história desse jornal, ver Capelato e Mota (1981).
90
Com mais de 30 anos de atuação nas lutas feministas e defesa das mulheres, a União de Mulheres de São Paulo mantém-se atuante nos dias atuais.
91
Em 1982, as feministas de São Paulo pressionaram pela criação de um Conselho Estadual de políticas paras as mulheres. Foi, de fato, criado por decreto pelo governador Franco Montoro em 4 abril de 1983, mas numa versão alterada do que haviam proposto as mulheres. Sobre o Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, ver Sônia Alvarez (1988).
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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
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Alguns exemplos importantes de organizações que tiveram ação destacada nesse contexto são a Ação Popular (AP), que era muito próxima às tendências de esquerda da igreja católica e a Ação Libertadora Nacional (ALN), que propunha a lut
a armada.
94
É importante lembrar que a luta política, coletiva e articulada das mulheres no Brasil é anterior a essa década. A participação das mulheres na vida pública brasileira remonta a séculos anteriores, e com mais destaque a partir do século XIX. No século XX, o Brasil conviveu com a mobilização crescente das mulheres nas primeiras décadas, assumindo uma identidade política feminista, reivindicando espaços diversos na sociedade, aprimorando pautas e construindo estratégias que viriam a garantir direitos importantes, como o de votar e ser votada. Já nas duas décadas imediatamente anteriores ao início da ditadura, as mulheres seguiam uma significativa atuação pública. Como aponta Céli Pinto (2003, p. 44), as décadas de 1940-50 foram marcadas por reivindicações populares protagonizadas por mulheres, mesmo não identificadas com o feminismo, que questionavam as precárias condições econômicas de grande parte da população e pautavam justiça econômica e social, sintetizadas pelas chamadas lutas contra “a carestia”. A partir da década de 1960, e especialmente a partir dos anos de 1970-80, a luta das mulheres esteve fortemente articulada a outras ideias, projetos e reivindicações sociais que emergiam nesse contexto, como as distintas expressões das esquerdas e o movimento negro.
95
Essas entrevistas foram realizadas no período de novembro-dezembro de 2014 e agosto de 2015, no contexto de investigação para a tese de doutorado de Tauana Olívia Gomes Silva, produzida entre o período de 2012-2019 na Université Rennes 2 em cotutela com a Universidade Federal de Santa Catarina.
96
Essa foi uma questão comum entre as feministas desse momento. Uma espécie de “consciência feminista no exílio”, principalmente nos EUA e na França, foi analisada por algumas pesquisadoras que buscaram entender o feminismo no Brasil nesse período (Ver: PEDRO, 2010).
97
É importante demarcar que as tensões, as articulações e as contradições colocadas entre as reflexões teóricas e práticas da esquerda e dos movimentos feministas foram fortes na França nos anos de 1970, mas elas apareceram também nas organizações fomentadas por brasileiras(os) exiladas(os) nesse país. Rachel Soihet comenta como as relações entre a Frente de Brasileiros no Exílio
e o Comitê Central do Partido Comunista
, formado por homens e mulheres, precisou constantemente dialogar com a influência crescente do Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris
surgido em 1976 (SOIHET, 2013, p. 179-180), que realizava uma reivindicação crescente das questões específicas das mulheres.
98
Apesar de ter existido a iniciação da pesquisa, a entrevistada comenta que ela nunca foi concluída (ROLAND, 2014, p. 11-12).
99
É importante ressaltar que ao mencionarmos os debates sobre as relações étnicas e raciais no país nos referindo especialmente ao movimento negro porque este aparece como parte constituinte da trajetória das mulheres aqui estudadas, mas é essencial demarcar que os povos indígenas tiverem participação fundamental nesse momento político, especialmente durante o processo constituinte em fins dos anos de 1980. Ver sobre isso o capítulo 8 deste livro.
100
Essa questão do distanciamento dos espaços partidários para se conquistar uma luta efetiva com e para as mulheres foi algo sinalizado também por outras mulheres comunistas. Rachel Soihet explora essa “contradição” sentida por muitas comunistas ao mencionar o trabalho que Zuleika Alambert realizou no Brasil após sua chegada do exílio (SOIHET, 2013, p. 187).
101
Sobre o tema da esterilização e sua relação com o campo da saúde e com o desenvolvimento de um movimento de mulheres negras, ver: Damasco, Maio e Monteiro (2012).
102
Nas memórias do evento podemos encontrar uma seção denominada “Feminismo e racismo: as diferentes formas de manifestação do racismo em nós mesmas, brancas, índias, e na sociedade através de suas instituições”, que permitiu mais de um momento de discussão abordando o racismo durante o evento (III ENCONTRO, 1985).
103
Sobre a Constituinte, Céli Pinto trabalhou a importância da “Carta das Mulheres”, que sintetizou as lutas pleiteadas pelas feministas nesse processo (PINTO, 2003, p. 72-79).
104
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
105
O ofício citado faz parte do Acervo SPI, disponibilizado no Acervo Arquivístico do Museu do Índio. Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/MI_Arquivistico/82835. Acesso em: 8 out. 2018.
106
Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/MI_Arquivistico/82861. Acesso em: 8 out. 2018.
107
Relatório Figueiredo. Processo n.º 4.483/68. v. XX. Fls. 4930-4931.
108
Relatório Figueiredo. Processo n.º 4.483/68. v. XX. Fl. 4934.
109
Relatório Figueiredo. Processo n.º 4.483/68. v. XX. Fls. 4937-4938.
110
Relatório Figueiredo. Processo n.º 4.483/68. v. XX. Fl. 4936.
111
Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/MI_Arquivistico/52821. Acesso em: 8 out. 2018.
112
[...] garantindo o direito de ocupação e usufruto exclusivo de espaços coletivos específicos, as áreas (reservas, parques e colônias agrícolas e territórios indígenas), enquanto cabia ao estado a prerrogativa da propriedade e a responsabilidade de definir as fronteiras e garantir a integridade dessas terras” (ALBERT, 2005, p. 202, tradução livre).
113
“válido, desde que não contradiga a Constituição” (ALBERT, 2005, p. 203, tradução livre).
114
Exposição de cerâmicas é inaugurada e já pode ser vista pelo público. Diário de Pernambuco
, Recife, n. 195, 22 jul. 1977. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/029033_15/103441. Acesso em: 10 nov. 2018.
115
“[...] condição estrutural para expressão do movimento indígena” (ALBERT, 2005, p. 205, tradução livre).
116
ZAPPI, Victor. Domésticas e lavradoras, as injustiçadas. Jornal do Commercio
, Rio de Janeiro, n. 214, 24 jul. 1985. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_17/48148. Acesso em: 5 nov. 2018.
117
POTIGUARA, Eliane. Os problemas dos índios por eles mesmos. Mulherio
, São Paulo, n. 26, set./nov. 1986. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/459488/594. Acesso em: 5 nov. 2018.
118
TELLES, Norma. A índia e o olho do branco. Mulherio
, São Paulo, n. 27, dez./fev. 1987. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/459488/608. Acesso em: 5 nov. 2018.
119
Mulheres lutam contra regime de Stroessner. Correio de Notícias
, Curitiba, n. 1.855, 13 ago. 1987. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/325538_01/20190. Acesso em: 5 nov. 2018.
120
Mulher indígena terá I Encontro. Jornal do Comércio
, Manaus, n. 34.834, 01 mar. 1989. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/170054_02/35992. Acesso em: 5 nov. 2018.
121
Em busca da identidade perdida. O Liberal
, Belém, n. 22.281, 21 abr. 1989. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/761036/8453. Acesso em: 5 nov. 2018.
122
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
123
A Teologia da Libertação “nasce e se desenvolve enquanto expressão de problemas da realidade social latino-americana, no desejo de transcendê-la através da criação de uma sociedade mais justa e igualitária. Trata-se do encaminhamento de uma nova visão para o papel da Igreja, da prática cristã e do pensar teológico, até então apoiado numa teologia feita a partir da realidade exógena europeia.” (SCHERER-WARREN, 1996, p. 32-33).
124
Na nota de rodapé n. 212, Kroth (1999, p. 94) fez o seguinte registro: “O jornal ‘O Estado’. Florianópolis 23/12/84: Mulheres do campo: Não queremos ser escravas.
Em meio a uma manifestação pública em defesa da política previdenciária, as mulheres agriculturas de Chapecó carregam consigo uma faixa, com o dizer: Oficialmente não existimos. Queremos ser reconhecidas como trabalhadoras rurais.
Mov. de Mulheres de Chapecó. Isto chamou atenção do jornal que passa a registrar este momento.”
125
Transcrição do trecho da imagem acima: “Poucos trabalharam tanto naquela eleição de 81 para o sindicato dos trabalhadores rurais. A chapa de oposição aos pelegos tinha como bandeira a sindicalização das mulheres e um pequeno grupo de agricultoras se desdobrava para percorrer todas as comunidades. Nas reuniões falavam sobre a terra, a política agrícola, o reconhecimento dos direitos da mulher. Pela primeira vez a mulher participava de forma organizada e tinha como objetivos, a sindicalização e o reconhecimento da profissão. Nestas conversas elas vão adquirindo uma nova visão sobre si mesmas, se reconhecem como ser político, donas de seu caminho e percebem sua força. A chapa de oposição ganha e as mulheres começam a se sindicalizar. Mas esta conquista não muda as relações entre homens e mulheres dentro do sindicato. Os cargos que exercem são menores, ou secretárias ou suplentes, geralmente só para cumprir tarefa. Elas percebem que a questão de fundo que tem de ser desvendada é a luta contra todas as formas de dominação, inclusive a do homem sobre a mulher, e é ai que elas se reconhecem como gênero.”
126
O feminismo marxista parte do princípio de que há uma inter-relação entre a opressão de classe e a opressão às mulheres pelo capitalismo, assim, a luta de classes e as lutas das mulheres trabalhadoras não podem ser compreendidas separadamente ou hierarquicamente. Para as feministas marxistas a opressão das mulheres não ocorre da mesma forma para todas as mulheres, ou seja, isso depende da classe, raça, meio social em que estão inseridas (FOUGEYROLLAS-SCHWEBEL, 2009).
127
Nas referências bibliográficas das cartilhas do MMC que discorrem sobre feminismo, as obras A Mulher na Sociedade de Classe
, de 1976, e O fardo das trabalhadoras rurais
, de 1983, estão entre as mais recorrentes.
128
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
129
Carmen Luiz ocupou a cadeira LGBT no Conselho Nacional de Saúde no mandato 2006-2010 e a cadeira do Movimento de Mulheres de 2015 a 2018. Também foi suplente da cadeira de mulheres lésbicas e bissexuais no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher de 2007 a 2009.
130
Ela é citada por Carmen Luiz, Miriam Grossi e Marisa Fernandes como referência, ainda que com a ressalva sobre o impacto das suas obras no imaginário lésbico. Alguns trabalhos que tratam da história de perseguição e censura contra Cassandra Rios no campo da literatura e da história são: Pornografia e Censura. Adelaide Carraro, Cassandra Rios e o Sistema Literário Brasileiro nos Anos 1970
, de Rodolfo Londero; a tese de doutorado de Kyara Maria de Almeida Onde estão as respostas para as minhas perguntas?: Cassandra Rios – a construção do nome e a vida escrita enquanto tragédia de folhetim (1955 – 2001)
e a dissertação de mestrado de Isabela Silva Nóbrega (I)moralidade e censura: prazeres desviantes e sexualidade na obra de Cassandra Rios (1968-1977)
.
131
Quando utilizamos o conceito de Minorias não nos referimos a quantidades numéricas. Referimo-nos a uma coletividade marcada por uma identidade que sofre com processos de exclusão, discriminação e desigualdades sociais. As mulheres, negros e população indígena e LGBTI+ são exemplos de minorias políticas, cuja representação política geralmente responde aos processos históricos de exclusão dessas categorias de sujeitos dos gozos de direitos fundamentais.
132
Coletivo paulista considerado pioneiro na articulação do Movimento Homossexual Brasileiro – MHB. Mais informações em: GREEN et al
., 2018.
133
Segundo James Green (2000) essa foi a “estreia” oficial do grupo, que aconteceu no dia 6 de fevereiro
de 1979.
134
Ao longo da década de 1980 Rosely Roth participou em dois momentos diferentes do programa da Hebe no SBT. Nessas participações falou sobre sua identidade lésbica, a Galf e a publicação do Informativo Chanacomchana
feita pelo grupo.
135
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
O
título deste capítulo retoma o slogan do Somos: Grupo de Afirmação Homossexual
de São Paulo: “Queremos ser o que somos” (ZANATTA, 1996/1997, p. 123).
136
Compreende-se resistência não apenas com relação ao sistema ditatorial, como também às práticas conservadoras e excludentes histórica e socialmente presentes no contexto analisado.
137
Para não incorrer com anacronismos, preferimos utilizar o termo “movimento homossexual” neste capítulo, tendo em vista que, num primeiro momento, gays, lésbicas, travestis e transexuais eram genericamente designados e designadas pela literatura médico-jurídica pela definição de “homossexual”.
138
Neste capítulo quando nos referimos ao FLH retomamos o grupo argentino. No mesmo período havia também o grupo Frente de Liberación Homosexual do México, que não integra o debate aqui proposto. Cf. Patricio Simonetto (2017).
139
Os ativistas que integravam o grupo pararam de se reunir e de publicar a revista em 1976 (INSAUSTI, 2015), ano em que se instaurou a ditadura no país vizinho, liderada por Jorge Rafael Videla Redondo.
140
Sobre o AEL e outros acervos consultados durantes a realização do Projeto Mulheres de Luta, recomendamos a leitura do capítulo de autoria de Janine Gomes da Silva e Binah Iré: “O acervo do Laboratório de Estudos de Gênero e História – LEGH: pesquisas e histórias feministas”, disponível neste volume.
141
Referente às pastas: “Atobá”, “Centro da Mulher Brasileira São Paulo”, “Coletivo Feminista Campinas”, “Darling”, “Gente Gay”, “Grupo Ação de Liberação Feminista – GALF” (embora a designação do coletivo seja Grupo de Ação Lésbica Feminista, a coleção no AEL recebe esse título, seguindo a indicação da “Ata de assembleia geral de constituição da entidade”, de 17 de outubro de 1981), “Grupo Feminista – coleção Elisabeth Souza Lobo”, “Grupo Outra Coisa”, “Grupo Somos”, “João Antônio Mascarenhas”, “O Snob”, “Oito de março” e “Triângulo Rosa”.
142
Conforme pondera Green, Hélio “questionava com persistência os papéis sociais e sexuais rígidos assumidos pelas bonecas. De fato, ele mudou o seu pseudônimo de Pantera Rosa para Gato Preto precisamente para afirmar a noção de que não era preciso ser efeminado para ser homossexual.” (GREEN, 2000, p. 306). Vale acrescentar que a documentação e a bibliografia conhecidas até o momento não indicam o nome completo de Hélio nem de Anuar, outro participante d’O Snob
.
143
Rodrigues mapeia jornais dedicados ao campo das homossexualidades a partir de diferentes cidades do país, tais como: “No Rio, tínhamos, de restritíssima circulação, as publicações Snob
, Le Femme
, Subúrbio à Noite, Gente Gay, Aliança de Ativistas Homossexuais, Eros, La Saison, O Centauro, O Vic, O Grupo, Darling, Gay Press Magazin, 20 de Abril
e O Centro;
em Niterói existiam Os Felinos, Opinião, O Mito;
em Campos [RJ] havia o Le Sophistique;
na Bahia contava com O Gay
e O Gay Society, O Tiraninho, Fatos e fofocas, Baby Zéfiro, Little Darling
e Ello”
(RODRIGUES, 2015, p. 89).
144
O capítulo “Luta e resistência política: a imprensa feminista brasileira nos anos 1970 e 80”, de Barbara Popadiuk, Elaine Schmitt e Karina Janz Woitowicz, disponível neste livro, discute a imprensa feminista alternativa.
145
Nesse período chamado de “redemocratização”, entre os anos de 1974 até 1985, foram registrados
62 casos oficiais de mortes e/ou desaparecimentos ocasionados pelo Estado de terror da ditadura brasileira. De 1964 até 1974 há o registro de 307, totalizando, oficialmente, 369 mortes (Cf. QUADRAT, 2015).
146
Compreendemos que a discussão sobre a redemocratização é um tema bastante sensível, principalmente, no momento em que este capítulo é elaborado e publicado. Desde a publicação da Constituição de 1988, o documento aproxima, em diferentes níveis, a atuação da sociedade civil na esfera pública, a exemplo da atuação em conselhos federais, estaduais e municipais, o que tem sido ostensivamente contida (Cf. Decreto n.º 9.759, de 11 de abril de 2019).
147
Segundo sua edição 31 do mês de dezembro de 1980, era distribuído para cidades como: Rio de Janeiro/RJ, Campos/RJ, São Paulo/SP, Campinas/SP, Jundiaí/SP, Belo Horizonte/MG, Divinópolis/MG, Juiz de Fora/MG, Curitiba/PR, Londrina/PR, Florianópolis/SC, Joinville/SC, Porto Alegre/RS, Goiânia/GO, Brasília/DF, Salvador/BA, Aracaju/SE, Maceió/AL, Recife/PE, João Pessoa/PB e Campina Grande/PB.
148
Vale acrescentar que o termo transformista era utilizado nesse período para designar artistas com identidades trans. Há registros fotográficos do lançamento no DCE/UFS disponíveis em: MELO; COSTA; VASCONCELOS, 2018.
149
O termo “gueto”, seguindo a análise do antropólogo e professor Edward MacRae (2018, p. 109), em termos gerais, refere-se “à maneira dos militantes homossexuais da época, para abranger um circuito frequentado por homossexuais masculinos e femininos, composto principalmente por bares, restaurantes, boates, certos cinemas ‘de pegação’ e ‘saunas’”.
150
Sobre isso, Patricio Simonetto (2017, p. 168) acrescenta ainda que para evitar a dissolução do grupo, posto que havia quem pretendia participar assiduamente do movimento sindical e aqueles que priorizavam os grupos de conscientização entre homossexuais, optou-se por criar subgrupos: estudos e discussões, atuação externa, serviços, identificação, atividades artísticas, e expressão não verbal.
151
Conforme publicado no n. 1 do Boletim O corpo
(dez. 81/jan. 82), “Foi pensando em aproveitar o espaço de sua sede, com outras alternativas que o pessoal do Grupo Somos de Afirmação Homossexual decidiu por dar uma força em sua biblioteca e no cineclube. [...] O ‘Clube de Cinema Somos’ começou, suas atividades em agosto e vem levando uma programação regularmente, a cada duas semanas no domingo às 19 hs. Os filmes apresentados, nacionais e estrangeiros, são escolhidos para que, além da transação cinematográfica em si tenham a ver com as discussões da sexualidade, do homossexualismo e dos problemas sociais. Depois do filme sempre tem um papinho: para isso são convidadas pessoas que por uma razão qualquer estão mais por dentro do assunto.”
152
Essa discussão permanece ainda atual, posto que a Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, apenas suprimiu a homossexualidade da lista de doenças mentais em 17 de maio de 1990 – mais de dez anos depois da fundação do Somos/SP. Em contrapartida, com relação às pessoas trans, a discussão sobre a despatologização e a luta pelo reconhecimento da identidade transexual ainda enfrenta impasses. Apenas em 2018 é que a transexualidade deixou de estar na seção de doenças ou distúrbios de personalidade.
153
Conforme aponta MacRae (2018b, p. 54-55), “certas diferenças não poderiam permanecer ignoradas por muito tempo, e a noção de uma igualdade absoluta, decorrente da condição homossexual, logo viria a ser abalada ela noção de ‘dupla discriminação’, de como aquela que afeta indivíduos que eram homossexuais, mas também mulheres ou negros. Isso serviu para catalisar a formação de novos, grupos mais específicos, como o Grupo de Ação Lésbica Feminista – GALF e o grupo baiano de negros homossexuais Adé Dudu
.”
154
O debate sobre as representações e atuação lésbica nesse momento é mais detidamente no capítulo “Ser lésbica na ditadura: vida e militância sob estado de exceção”, de autoria de Binah Ire, Camila Diane Silva e Maria Helena Lenzi, deste volume.
155
Sobre o movimento feminista desse contexto, ver o capítulo “‘O feminismo veio para ficar... Nós não vamos sair mais’”, de Tamy Amorim
da Silva.
156
Ao ser publicado, o jornal adota o nome de Chana com Chana
, diferentemente do documento de atividades do LF em questão, o qual propõe a criação do jornal com uma caligrafia distinta.
157
Tais como os planejamentos de anotações de reuniões, atas, memorandos, prospectos, registros de deliberações.
158
Em sentido próximo às ponderações de Sam Bourcier (2018).
159
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
160
Para uma discussão mais abrangente sobre a sexualidade na imprensa feminina durante a ditadura, ver mais em Neckel (2007).
161
Esses grupos também eram conhecidos como “grupos de consciência”, e provavelmente surgiram nos Estados Unidos, no fim da década de 1960. O capítulo de autoria de Tamy Amorim, “O feminismo veio para ficar… nós não vamos sair mais”, neste mesmo livro, aborda a importante atuação desses grupos.
162
Um pouco antes, nos anos 1970, no cinema, as “pornochanchadas” tomaram as telas também com cenas “sensuais”. Nesse gênero cinematográfico, os corpos das mulheres eram erotizados e exibidos exageradamente. A discussão sobre esse tema é feita no capítulo “Arte, política e feminismo: as imagens da resistência das mulheres na ditadura”, presente neste mesmo livro, de autoria de Isabela Fuchs e Alina Nunes.
163
A minissérie Malu Mulher
apresenta à televisão aberta brasileira, pela primeira vez, um caso de amor lésbico. A cena foi amplamente debatida por revistas da época. Ver mais em Heloísa Buarque de Almeida (2012).
164
Referimo-nos às memórias apresentadas nas entrevistas que contemplam o acervo do LEGH como parte do “Projeto Cone Sul: ditaduras, gênero e feminismos (1960-1990)” e do “Projeto Mulheres de Luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-1985)”.
165
Sobre essa problematização da juventude, ver Lidia Bristot (2018).
166
O termo contracultura foi usado a partir da década de 1960 para caracterizar movimentos de manifestação cultural e política que questionavam os modos de vida ocidental. Como exemplo disso, temos o movimento beatnik
nos anos 1950, o movimento hippie nos anos 1960 e 1970 e o movimento punk nos anos 1980.
167
DESBUNDE. Dicionário online de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/desbunde/. Acesso em: 11 maio 2019.
168
Uma discussão mais aprofundada sobre o movimento homossexual na ditadura é feita no capítulo “Queremos ser o que somos: o movimento homossexual no Brasil (1964-1985)”, de autoria de Luiz Augusto Possamai Borges, Lara Lucena Zacchi e Jair Zandoná, presente neste mesmo livro.
169
Timothy Leary (1920-1996) foi um psicólogo, neurocientista e professor de Harvard. Era um dos “pais” dos hippies, principalmente por conta de seus estudos polêmicos sobre os usos terapêuticos do LSD. Foi demitido de Harvard em 1963 por conta de um episódio em que realizou uma experiência de uso de psicotrópicos em uma turma de psicologia da universidade.
170
Entrevista disponível em: https://tv.uol/16aqf. Acesso em: 12 maio 2019.
171
Leila Diniz. O Pasquim
, Rio de Janeiro, n. 22, 20 a 26 nov. 1969.
172
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
173
É comum que a declaração da ONU seja apontada como a origem do feminismo brasileiro, contudo pesquisas mais recentes apontam como esse marco fundador do feminismo no Brasil é uma
invenção que não considera os movimentos e mobilizações que marcaram o país muito antes de 1975, bem como a própria dinâmica da história (CRESCÊNCIO; WOLFF; PEDRO, 2016).
174
Elizabeth Cardoso (2004) identifica a existência de nove jornais feministas entre 1974 e 1980 e 44 entre 1981 e 1989.
175
Os jornais citados fazem parte do acervo do Centro de Informação da Mulher (CIM), localizado em São Paulo, importante lugar de memória do feminismo brasileiro.
176
Vale destacar que essa luta não tem origem nesse período ou mesmo na cidade de São Paulo, comumente considerado centro irradiador da história – acontecimento – no Brasil. Nos anos 1940 foi criada a Associação Feminina do Distrito Federal, que, a partir de encontros com outras associações, deu origem à Federação de Mulheres do Brasil. A Associação criou em 1954 uma campanha contra a carestia, em parceria com organizações de bairros e subúrbios tocadas por mulheres. Além da carestia, a luta por moradia, saúde, escolas, água e luz mobilizavam a Associação, com forte protagonismo de mulheres negras de esquerda (SILVA; FERREIRA, 2017, p. 1024).
177
O alternativo O Pasquim
era uma exceção.
178
O jornal Mulherio
confirma suas especificidades ao viabilizar o acesso a todas as suas edições digitalizadas na página da Internet da Fundação Carlos Chagas. Ver, a esse respeito, https://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/mulherio/capas2.html Apesar do Nós Mulheres
não ter vínculos diretos com a Fundação, o jornal também é disponibilizado em seu portal. Ver, a esse respeito, https://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/nosmulheres/. Acesso em 25 mar. 2019.
179
Bernardo Kucinski, de maneira equivocada, afirma que Mulherio
foi o “[...] mais feminista dos jornais feministas [...]” (KUCINSKI, 1991, p. 81). Desconsiderando os movimentos da própria história, o autor reduz a complexidade do feminismo – e da própria imprensa feminista – como pensamento, movimento, acontecimento, a um suposto “verdadeiro” feminismo.
180
Mulherio
, por contar com contribuições de número significativo de cartunistas, eventualmente publicava charges, tiras, quadrinhos e cartuns que satirizavam a masculinidade, mas estes eram assinados, em geral, por cartunistas homens como Miguel Paiva e Angeli.
181
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
182
A categoria de mulheres já foi bastante discutida como uma maneira de sinalizar a diversidade dentro da categoria “mulher”, que não contemplava todas as diferenças (PEDRO, 2005). Apesar de entender o caráter construído desta categoria em função do sistema de gênero/ sexo, a utilização de “mulheres” é um recorte a fim de delimitar as trajetórias/memórias que serão analisadas. As contribuições da categoria gênero são importantes, uma vez que permitem perceber as relações complexas entre as pessoas, entendidas como o “primeiro modo de dar significado às relações de poder” (SCOTT, 1995) e se mantêm em perspectiva com as categorias interseccionais, como classe, sexualidade e raça (CRENSHAW, 2004).
183
Considero que a trajetória não possui uma formulação de um sentido coerente e orientado, como ordem cronológica, e com uma lógica, que os sujeitos assumem diferentes identidades em diferentes contextos e “não são unificadas em redor de um ‘eu’ coerente”, e que existe uma série de impasses que rodeiam esse debate como indivíduo/sociedade, público/privado (BOURDIEU, 2006; HALL, 2015; SCHIMIDT, 1996).
184
De um modo geral, a centralidade da categoria exílio está atrelada ao seu caráter político (SZNAJDER; RONIGER, 2013). No entanto entendo a categoria em seu sentido ampliado, conforme sugerido por Rollemberg (1999) e Goldberg (1986), no qual exiladas são todos aqueles sujeitos afetados direta ou indiretamente por essa experiência.
185
As discussões sobre as memórias estão atravessadas por diferentes aspectos, como individual/coletivo, múltiplas temporalidades, dito/não dito, construções de si. Para saber mais, ver: PORTELLI, 1997; POL
LAK, 1986.
186
“Horizonte de expectativas” e “espaço de experiência” são duas categorias chaves desenvolvidas por Koselleck (2006) a fim de entender o caráter plural da temporalidade histórica em função de sua inserção na vida social. A relação com o tempo se dá por meio do “horizonte de expectativas” e “espaço de experiência”, isto é, como a tensão entre essas duas categorias produz o tempo histórico e como essas noções não são simétricas, sobrepõem-se e são plurais (KOSELLECK, 2006).
187
As mulheres brasileiras se exilaram em diferentes países e engajaram-se nas mais diferentes atividades no exterior. Muitas outras trajetórias poderiam ser exploradas aqui, por exemplo, Moema Viezzer no México, Beatriz Cannabrava no Peru, Hilda Fadiga em Portugal, entre tantas outras. Além disso, um importante grupo de mulheres em Portugal também constituiu um grupo de debates e organizou o livro Memórias das Mulheres do Exílio.
Infelizmente, para este trabalho, escolhi retratar somente algumas das trajetórias de mulheres que estiveram na França.
188
O Campanha
, criado em 1972 no Chile, pertencia ao grupo Fração Bolchevique e produzia um jornal de bastante circulação; foi também o único periódico que conseguiu se reestruturar na França após o ano de 1973 (CRUZ, 2010). Não irei discutir questões mais específicas acerca desse grupo,
já que muitas mulheres que estiveram nele participaram ativamente do Círculo
.
189
João Quartim de Moraes era “dirigente da Vanguarda Popular Revolucionária, expulso da organização em janeiro de 1969 por divergir dos rumos que a luta revolucionária estava tomando” (ROLLEMBERG, 2007, p. 292).
190
Feminismo pautado na oposição binária entre masculino/feminino, a partir da qual a identidade comum das mulheres era promovida pelo sexo (aquele genital) que preconizava a “feminização do mundo” e considerava (independentemente de categorias interseccionais) que as mulheres eram alvos das mesmas violências e opressões (PEDRO, 2005).
191
O vecù
é um termo em francês que significa “o vivido”. Era uma prática coletiva que ocorria nos grupos de consciência, no qual as mulheres relatavam sobre suas experiências cotidianas a partir de diferentes temáticas.
192
Historicamente ora as mulheres se reúnem por noções pautadas na igualdade ora por àquelas ligadas à diferença (SCOTT, 2005). Ambos os grupos se reuniam em função das suas igualdades (mulheres brasileiras ou latino-americanas), mas distinguiram-se dos demais existentes no mesmo período na França pelas suas diferenças, como brasileiras e latino-americanas.
193
A segunda figura se assemelha muito com aquelas debatidas por Cintia Lima Crescêncio e Erica Dantas Brasil no capítulo deste livro intitulado Uma história do feminismo no Brasil por meio do humor gráfico (1976-1984)
.
194
Com Elisabeth T. de Vargas e Silva foram realizadas duas entrevistas; uma em 2015 para a minha pesquisa de mestrado, com foco nos afetos e uma em 2018 para esta pesquisa, como foco nos engajamentos políticos das mulheres.
195
POC é o Partido Operário Comunista, que foi organizado a partir da fusão entre a dissidência gaúcha do PCB e o que havia restado da Organização Revolucionária Marxista Política Operária (POLOP) (RIDENTE, 2010).
196
MIR é o Movimiento de Izquierda Revolucionaria
fundado no Chile em 1965.
197
A afirmação de que “o pessoal é político” consiste sobre o “caráter estrutural da dominação expresso nas relações da vida cotidiana, dominação cujo caráter sistemático tinha sido precisamente obscurecido, como se fosse o produto de situações pessoais” (VARIKAS, 1996, p. 66). O que buscava demonstrar que a “dominação era ao mesmo tempo oculta e assegurada através de poderosas instituições”, como a família, a heteronormatividade e a divisão do trabalho. Essa afirmação não anula as estruturas e as instituições em detrimento da vida cotidiana e também significa que “um dos sentidos da defesa da politização da vida privada no feminismo é a exposição do caráter político das relações de poder em domínios da vida que são exteriores aos limites convencionais da política” (BIROLI, 201
3, p. 17).
198
Os nomes não foram citados a fim de não gerar nenhum tipo de constrangimento.
199
Angela Arruda foi uma das poucas mulheres entrevistadas que se identificou como “parda”. No entanto, ao longo de suas entrevistas (tanto concedida a mim quanto a Maria Auxiliadora Banchs), não relatou violências ou preconceitos vividos durante o exílio em função de sua identidade étnico-racial.
200
Diferente de muitos outros países o divórcio legal no Brasil só foi possível a partir de 1977. Já na França, por exemplo, isso poderia ocorrer desde 1905. A possibilidade de decidir sobre a instituição do divórcio (a partir do ano de 1977) foi uma das inúmeras mudanças ocorridas (como o aumento da educação formal, a decisão sobre ter ou não filhos, entre outras) nos anos de 1960 e 1970 que permitiram às mulheres colocarem em pauta alguns valores de igualdade (SCOTT, 2012).
201
Margareth McLaren (2016), ao analisar a concepção de subjetividade em Michel Foucault e a relação com o feminismo, considerou “as práticas de si” (que tal autor desenvolveu) como um mecanismo para a transformação social. Nesse sentido, a partir do exemplo dos grupos de consciências feministas emergentes durante os anos de 1960 a autora sugere que as transformações de si – como ocorreram em tais grupos – são um importante passo em direção à transformação política.
202
A Ala Vermelha era uma dissidência do PCdoB que se tornou uma organização, durante o ano de 1967, e que realizou algumas expropriações e ações armadas (RIDENTI, 2010).
203
A entrevista de Ângela Xavier de Brito foi concedida à professora Joana Maria Pedro no ano de 2005, em Paris, para a pesquisa Revolução do gênero: apropriações e identificações com o feminismo (1964-1985)
.
204
A entrevista foi concedida a professora Roselane Neckel também para o projeto Revoluções do Gênero.
205
No mesmo documento em que o Campanha afirmou tais questões sobre o PCB, explicita que a Debate
“sempre tivera uma postura teórica frente ao trabalho de mulher; sempre com proposições de grupo de estudos”. Mas que as mulheres desse grupo se “colocavam fora de toda e qualquer opressão feminina, com uma visão bastante sectária com as mulheres que se mostravam a fim de discutir a sua própria opressão”; nesse sentido, o documento relatou uma situação na qual foi demandado a realização de um vecù
e as participantes da Debate
disseram que era para “deixar de nos preocupar com o nosso próprio umbigo”. Cf: “Balanço do Campanha”, disponível no Volume 1 da Coleção Círculo de Mulheres Brasileiras em Paris (1976-1979).
206
Cabe lembrar que o PCB não optou pelo conflito armado. Outro conflito também presente foi o entre gerações, no qual o grupo que participou da luta armada se chocou com a primeira geração que saiu em 1964 e não tinham esse projeto (SZNAJDER; RONIGER, 2013).
207
A concepção etapista da revolução é a ideia de que revolução socialista se daria por meio de uma sucessão inflexível de etapas históricas.
208
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
209
Segundo o Projeto Brasil Nunca Mais, existiam mais de 40 organizações de esquerda clandestina. Cf. BRASIL NUNCA MAIS, 1985.
210
“Primeiro te diria que uma mulher e um homem nunca são mais iguais que atrás de uma pistola 45”.
211
A tortura conhecida como “latinha” se constituía como: “Uma das técnicas mais sádicas de tortura era a da ‘latinha’. ‘A primeira coisa que eles faziam era arrancar a roupa da gente e deixar completamente nua. Depois, colocavam descalça em cima de duas latinhas abertas, como a de salsicha, com as bordas afundando no pé. A gente tinha de aguentar até não poder mais. Se caísse ou
descesse, era espancada por eles. Era um tipo de crueldade abaixo do nível humano. Era bestial” (KIEFER, 2012, s/p).
212
No original: “Castigos de género por habernos salido del modelo de mujer, esposa, madre y ama de casa, y habernos metido en ‘cosas de hombres’, lo cual los enfurecia y mas se ensañaban. Modos de desagradarnos y de destruirnos como mujeres y como personas, y de hacernos sentir ‘cosas’ en sus manos, que podían hacer lo que querían con nosotras, que eran impunes y ‘todo poderosos’”.
213
De forma bastante simplificada, esse é o significado apresentado no dicionário Aurélio (2010) ao buscarmos por “feminismo”.
214
No original: “It brings to mind loud acts of refusal and rebellion as well as the quiet ways we might have of not holding on to things that diminish us. It brings to mind women who have stood up, spoken back, risked lives, homes, relationships in the struggle for more bearable worlds. It brings to mind books written, tattered and worn, books that gave words to something, a feeling, a sense of an injustice, books that, in giving us words, gave us the strength to go on. Feminism: how we pick each other up. So much history in a word; [....] being a feminist, becoming a feminist, speaking as a feminist. Living a feminist life does not mean adopting a set of ideals or norms of conduct.”
215
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001. Agradecemos especialmente à professora doutora Ana Maria Veiga, pelo auxílio ao fornecer alguns dos materiais que tornaram esta pesquisa possível.
216
Guy Debord escreveu A sociedade do espetáculo
em 1967. Ele define a sociedade do espetáculo como uma sociedade em que as relações sociais são mediadas por imagens. Essa nova estruturação da sociedade pretende colocar as pessoas como meras espectadoras e consumidoras dos espetáculos imagéticos, o que suprimiria a possibilidade da consciência de classe.
217
Do original “Partout des empreites nous précèdent ou bien nous suivent” (DIDI-HUBERMAN, 2008, p. 11). Didi-Huberman nesse caso não fala especificamente do impresso em papel, mas de impressões deixadas no solo, marcas de dedo, rastros da humanidade. Contudo essa é uma forma de se pensar na imagem impressa enquanto rastro e vestígio tão pregnante quanto pegadas e pistas.
218
Rancière define o termo “partilha do sensível” da seguinte maneira: “Pelo termo de constituição estética deve-se entender aqui a partilha do sensível que dá forma à comunidade. Partilha significa duas coisas: a participação em um conjunto comum e, inversamente, a separação, a distribuição em quinhões. Uma partilha do sensível é, portanto, o modo como se determina no sensível a relação entre um conjunto comum partilhado e a divisão de partes exclusivas” (RANCIÈRE, 1995, p. 7).
219
Com cinema moderno brasileiro, nos referimos às produções nacionais feitas entre início da década de 1960 e meados da década de 1980, recorte histórico que engloba o contexto da ditadura militar. Os movimentos que constituíram o cinema moderno brasileiro foram o Cinema Novo e o Cinema Marginal. Entretanto existem outros movimentos importantes nesse período – a discussão sobre os limites do uso do termo “cinema moderno” é brevemente feita por Karla Holanda (2017).
220
Essa “descoberta” do Brasil se materializou na produção de filmes que tinham as problemáticas do sertão brasileiro como temática principal. Filmes como Vidas Secas
(1963, de Nelson Pereira dos Santos), Deus e o Diabo na Terra do Sol
(1964, de Glauber Rocha) e Os Fuzis
(1964, de Ruy Guerra) representam a trilogia do sertão do nordeste (XAVIER, 2001).
221
Sobre os documentários de Ana Carolina, ver Karla Holanda (2017).
222
Importantes diretoras desse período foram Adélia Sampaio, Ana Maria Magalhães, Eunice Gutman, Maria do Rosário, Tetê Morais, Tizuka Yamasaki, Vera de Figueiredo, entre outras. Os capítulos do livro organizado por Karla Holanda e Marina Tedesco (2017) tentam dar conta dessas h
istórias.
223
Essa fala de Therezinha Zerbini foi reproduzida por um agente de informações presente no ato público realizado em 27 de março de 1978 no Teatro Ruth Escobar. O agente reproduziu detalhadamente as falas dos participantes (Arquivo Público do Estado de São Paulo, 50-Z-0-14.382. Fundo Deops/SP).
224
É importante ressaltar que a caça aos subversivos não é encapsulada apenas nos Anos de Chumbo com a promulgação do Ato Institucional n.º 5 (AI-5), que perdurou de final de 1968 ao início de 1974. Vem de antes e depois.
225
Alguns presos políticos utilizaram-se de greves de fome para chamar a atenção de órgãos internacionais para as truculências do regime militar (Tribuna da Imprensa
, 18 ago. 1979).
226
Segundo Oliveira (2001, p. 35, grifo do autor), o lançamento do camcorder
implicou “numa simplificação do processo de captura de imagens na medida que até então as câmeras não gravavam, elas apenas captavam. Era necessário que elas estivessem acopladas a um videocassete recorder para que a gravação se efetivasse. A camcorder
foi justamente o acoplamento em um único objeto das funções de captura de imagens e de gravação destas imagens (camcorder
= cam
era + recorder
)”.
227
Sobre os encontros feministas, há um capítulo, neste mesmo livro: “Criando laços, fazendo redes: os encontros e articulações a partir das narrativas de feministas brasileiras”, de autoria de Cláudia Nichnig.
228
A “Operação Limpeza” é mais bem abordada no capítulo “Queremos ser o que somos: o movimento homossexual no Brasil (1964-1985)”, de autoria de Luiz Augusto Possamai Borges, Lara Lucena Zacchi e Jair Zandoná, presente neste mesmo livro.
229
Sobre a institucionalização do feminismo, ver Cynthia Sarti (2004).
230
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
231
Neste capítulo, Igreja
será tomada como Igreja Católica.
232
O primeiro Concílio Vaticano ocorreu entre 1869-1871, convocado pelo Papa Pio IX.
233
É válido sublinhar que essas pautas também partiram da comunidade eclesiástica e acabavam muitas vezes trazendo questões dos/as próprios/as jovens que compunham as juventudes católicas (REZENDE, 2018, p. 23). Ou seja, as pautas eram formalizadas pelos religiosos hierarquicamente superiores, mas poderiam ter partido de demandas da comunidade.
234
Caroline Cubas já aponta esse movimento feminino em cargos antes masculinos no próprio Vaticano, mesmo que se tratassem de funções socialmente femininas nos espaços de trabalho.
235
Esse termo, ainda que não produza o mesmo efeito pela liberdade feminina a qual pretendemos nos movimentos feministas atuais, foi utilizado em referência ao discurso do Papa Paulo VI (1965, s/ id.) e, à época, é imaginável que tenha provocado uma reflexão institucional.
236
União Cívica Feminina; Movimento de Arregimentação Feminina; Campanha da Mulher pela Democracia; Liga da Mulher Democrática; Cruzada Democrática Feminina; e Ação Democrática Feminina Gaúcha.
237
Essa percepção é encontrada tanto nos jornais, como nos documentos oficiais do Estado.
238
Também biográfico e autobiográficos, segundo Rago (2013, p. 34).
239
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
240
O Comitê tem atualmente sede em Lima, Peru, mas foi fundado em São José da Costa Rica, depois de estabelecidas as relações entre diferentes organizações e coletivos de mulheres da América
Latina na Conferência Mundial de Nairobi (1985) das Nações Unidas. Unidas por trajetórias coincidentes em assuntos jurídicos, compartilhavam as mesmas barreiras e, sobretudo, a mesma posição crítica em relação ao Direito: “O poder se legitima através do direito e o direito legitima a subordinação da mulher”. Disponível em: https://cladem.org/. Acesso em: 10 abr. 2019.
241
The International Women’s Rights Action Watch (IWRAW) was organized in 1985 at the Third World Conference on Women in Nairobi, Kenya, to promote recognition of women’s human rights under the United Nations Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women (CEDAW), an international human rights treaty. Disponível em: http://hrlibrary.umn.edu/iwraw/. Acesso em: 18 abr. 2019.
242
O primeiro EFLAC ocorreu na cidade de Bogotá, Colômbia, no ano de 1981. Outra importante edição foi a que aconteceu na Argentina, em 1990, que foi lembrada pelas organizadoras do encontro de 2017, pois “hace más de 20 años no se hace un Encuentro en el Cono Sur”. Em novembro de 2017, a décima quarta edição do Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe – EFLAC, aconteceu no Uruguai, na cidade de Montevideo, sendo que da minha participação no encontro escrevi um artigo (NICHNIG, 2018).
243
Maria Amélia de Almeida Teles foi uma das organizadoras dos três primeiros congressos de mulheres paulistas e ainda do 10.º Encontro Nacional Feminista (TELES, 1999, p. 180).
244
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
245
Também sobre o LEGH, ver: SILVA; PEDRO; WOLFF, 2018.
246
Os anos dos golpes nos países estudados: Argentina: 1966 e 1976; Bolívia: 1964; Brasil: 1964; Chile: 1973; Paraguai: 1954; e Uruguai: 1973.
247
Entre outros, destacam-se os seguintes projetos: Movimentos de mulheres e feminismos em tempos de ditadura militar no Cone Sul (1964-1989); Do feminismo ao gênero – circulação de teorias e apropriações no Cone Sul (1960-2008); Gênero, feminismo, mulher e mulheres: apropriações no Cone Sul (1960-2008); e Vidas Clandestinas: Relações de gênero na clandestinidade, um estudo comparativo no Cone Sul sobre apropriações de teorias feministas (1960-2008), coordenados por Joana Maria Pedro; O gênero da resistência na luta contra as ditaduras militares no Cone Sul 1964-1989; Lágrimas como bandeira: emoções e gênero na retórica da resistência no Cone Sul; Políticas da emoção e do gênero na resistência às ditaduras do Cone Sul, coordenados por Cristina Scheibe Wolff; Espaços de memória. Arquivos e fontes documentais (re)significando as ditaduras militares (Brasil e Paraguai); e Gênero, memórias das ditaduras civis-militares e historiografia francesa sobre o Cone Sul (Brasil, Paraguai, Chile e Argentina), coordenados por Janine Gomes da Silva. Esses projetos tiveram apoio do CNPq.
248
“Mulheres de luta: feminismo e esquerdas no Brasil (1964-1985)”, projeto de pesquisa coordenado por Cristina Scheibe Wolff, financiado pela Capes por meio do edital Memórias Brasileiras – Conflitos Sociais.
249
Lei 8.159/1991, dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras providências.
250
A contagem corresponde às planilhas de cadastro da coleção, as quais tive acesso no início de 2017.
251
1772 títulos cadastrados até junho de 2019.
252
Agradecemos às bolsistas Alina Nunes, Isa Maria Moreira Liz, Isabele Soares Parente, Gabriel Simon Machado, Glenda Lunardi, Jair Zandoná, Lara Lucena Zacchi e Luiz Augusto Possamai Borges, pela disposição em auxiliar na organização do acervo bibliográfico por meio da utilização do software aberto de gestão de Bibliotecas – BibLivre – para catalogar toda a coleção – exceto periódicos – entre 2018 e 2019.
253
Sobre a metodologia da História Oral, ver: Alberti (2004), Vilanova (1994), Portelli (1997, 2006) e Amado e Ferrei
ra (1998).
254
Sobre acervos pessoais, ver: HEYMANN, 2009.
255
Publicado em 1976, o livro é resultado da pesquisa da autora para a tese de livre-docência, sob orientação de Florestan Fernandes, defendida em 1967. Pode ser considerada a primeira obra do feminismo materialista brasileiro, analisando a posição social da mulher no capitalismo numa perspectiva socialista, a condição da mulher brasileira numa perspectiva histórica, e levantando também questões sobre a influência da psicanálise nas ciências, crítica à teoria Freudiana sobre os sexos e discussão das obras de Margaret Mead na Antropologia.
256
Informações fornecidas via e-mail
pela professora Fani Tabak.
258
Destacamos cinco acervos pesquisados para apresentar, mas as equipes também visitaram outros acervos, como o Acervo do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo – Cefuria, em Curitiba. Nele, coletaram-se imagens de produções e registros feministas variados, de informes a jornais. O Cefuria é uma organização da sociedade civil voltada à educação popular e à formação política para o fortalecimento da organização popular em Curitiba, Região Metropolitana e interior do Paraná. As equipes também se utilizaram do acervo do próprio LEGH e de materiais recolhidos em arquivos públicos do Paraná, São Paulo, Brasília e Salvador.
259
Na visita de pesquisa ao AEL estavam presentes Jair Zandoná, Lara Lucena e Luiz Augusto Possamai Borges.
260
Publicações do grupo que traziam relatos das atividades, textos, prestação de contas e outras informações pertinentes à organização das feministas do CIM.
261
A Geógrafa Rosa Beatriz Gouvêa e a Bibliotecária Miriam Botassi têm seus nomes gravados em placa como feministas e fundadoras do CIM. As placas ficam acima das portas de duas salas onde parte do acervo é guardado.
262
Ver fundos consultados pela equipe do Projeto Mulheres de Luta em capítulo sobre o movimento homossexual, neste mesmo volume.
263
O Fundo equivale ao arquivo na concepção dos arquivistas, dentro do qual sub fundos, coleções, séries e subséries podem se estabelecer. A nomeação do Fundo é a consignação primeira, aquela que simboliza a reunião do conjunto em torno do que os documentos têm em comum, o que pode corresponder à origem, temática ou função.