[1] Sultão, imperador dos turcos. (N. T.)
[2] Unidade de divisão territorial e administrativa da Turquia. (N. T.)
[3] “Se quiser Deus” – expressão árabe da qual provém a interjeição “oxalá”. (N. T.)
[4] Prato de arroz seco com carne, hortaliças, peixe etc. (N. T.)
[5] Em francês, no original: “Avante!”. Profere-se, no circo, antes da parte mais difícil do número do artista. (N. T.)
[6] O verbo aparece entre aspas, no original russo. O autor refere-se com ironia à dada personagem, separando-a dos demais artistas circenses, que ganham a vida com um trabalho pesado, extenuante e perigoso. No parágrafo seguinte, encontra-se isso novamente. (N. T.)
[7] Palhaço que se apresenta sozinho e não acompanha, durante a função, todos os números dos outros artistas. (N. T.)
[8] Nome do Parlamento russo, depois de 1905. (N. T.)
[9] Em inglês, no original: pomada refrescante contra irritações da pele, feita de cetina, cera branca e água-de-rosas ou outro perfume. (N. T.)
[10] As pessoas das classes baixas acrescentavam um “s” no fim das palavras, quando falavam aos superiores hierárquicos e aos cidadãos abastados. (N. T.)
[11] Antigo feriado eslavo de despedida do inverno, marcado pela Igreja cristã para a semana precedente ao grande jejum e caracterizado pelo cozimento de panquecas e festejos de rua. Corresponde ao entrudo ocidental. (N. T.)
[12] Antiga medida russa de peso, equivalente a 16,3 quilos. (N. T.)
[13] Doce oriental, feito com nozes e sementes trituradas e misturadas a uma massa caramelada. (N. T.)
[14]Em italiano e francês, no original: “Bom dia, meu querido senhor Arbúzov!”. (N. T.)
[15] Em francês, no original: “ensaio”. (N. T.)
[16] Aqui e adiante, os erros gramaticais são da fala da personagem. (N. T.)
[17] Em francês, no original: “bravo homem”. (N. T.)
[18] Em francês, no original: “E depois”.
[19] Em francês, no original: “chave de braço”.
[20] Em francês, no original: “Roeber é um animal, um especulador”.
[21] Em francês, no original: “alfaiate”.
[22] Em alemão, no original: “chicote”. (N. T.)
[23] Em alemão, no original: “um grande escândalo”. (N. T.)
[24] Em alemão, no original: “Que vá para o inferno”. (N. T.)
[25] Sopa de beterraba, repolho e outros legumes. (N. T.)
[26] Bebida refrescante, um tanto azeda, obtida da infusão de levedura e malte, bem como de levedura e pão de centeio torrado. (N. T.)
[27] Diminutivo de Grigóri. (N. T.)
[28] Corruptela de Nikita Ivánovitch. (N. T.)
[29] Outro diminutivo de Grigóri. (N. T.)
[30] Em alemão, no original: “Trabalho. Cavalo. Palhaço”. (N. T.)
[31] Em alemão, no original: “Luta”. (N. T.)
[32] Em francês, no original: “Está bonito, senhor Arbúzov?”. (N. T.)
[33] Em inglês, no original: “Está bem!”, “Muito bem!”. (N. T.)
[34] Em italiano, no original: “Rápido!”. (N. T.)
[35] Em italiano, no original: “Atenção!”. (N. T.)
[36] Dança popular ucraniana. (N. T.)
[37] Diminutivo de Aleksandr. (N. T.)
[38] Esquilinho (diminutivo de Biélka). (N. T.)
[39]Navios adquiridos pela Rússia no exterior com recursos coletados pela sociedade, pouco antes da guerra com a Turquia. A frota objetivava ajudar a Marinha em caso de conflito e transportava mercadorias e passageiros nas linhas Odessa–Extremo Oriente e Odessa–São Petersburgo. (N. T.)
[40] Corruptela de cakewalk (literalmente, “passeio com bolo”), dança dos negros estadunidenses que, no início do século xx, esteve em voga nos Estados Unidos e na Europa. (N. T.)
[41] Em francês, no original. (N. T.)
[42] O jornalista em questão foi o próprio Kuprin. (N. T.)
[43] Corruptela de Zdrástvuite! (“Salve!”, “Viva!”), saudação que, de acordo com a hora, significa “Bom dia”, “Boa tarde” ou “Boa noite”. (N. T.)
[44] Espécie de cafetã comprido e estreito usado pelos caucasianos e cossacos. (N. T.)
[45] Aparentemente, as festividades havidas por ocasião da visita do presidente da França à Rússia e da comemoração dos dez anos da aliança militar entre os dois países. (N. T.)
[46] Rússia e Japão cobiçavam territórios da China e da Coréia e disputavam a hegemonia no Extremo Oriente. A guerra, iniciada em fevereiro de 1904, terminou com a batalha naval do estreito de Tsussima, ocorrida em maio do ano seguinte e vencida pela armada nipônica. (N. T.)
[47] Marcha em homenagem ao general Aleksiéi Kuropátkin (1848-1925), comandante das forças terrestres russas nessa guerra até março de 1905. (N. T.)
[48] Kuprin alude ao assassínio de mais de mil judeus, ocorrido em 8 de novembro de 1905, em Odessa. Acredita-se que tenha sido cometido por camponeses, incitados por oficiais de Exército e funcionários do governo czarista. Eles acusavam os judeus de serem os responsáveis pelos protestos políticos verificados naquele ano.
A piora violenta das condições de vida do povo, provocada pela guerra, e a indignação pela derrota certa foram o prenúncio da primeira revolução russa, debelada apenas em 1907. Em 9 de janeiro de 1905, o tristemente famoso “domingo sangrento” de São Petersburgo, cossacos e a guarda imperial dispersaram a bala uma multidão de 140 mil pessoas, reunidas nas proximidades do palácio para entregar uma petição ao czar. A notícia da morte de quase um milhar delas e dos ferimentos de outras 4 mil suscitou protestos e greves em toda a Rússia. Em 27 de junho ocorreu a sublevação do couraçado Potiómkin; em 7 de outubro, cruzaram os braços os ferroviários de Moscou e, em seguida, os operários; o movimento paredista alastrou-se pelo país, com a adesão de servidores públicos, profissionais liberais, intelectuais e artistas; exigia-se a convocação de uma assembléia legislativa.
Apesar da promessa de democratização do regime, intensificou-se a repressão policial. A organização monárquica “União do Povo Russo” formou as famigeradas “centúrias negras”, grupos paramilitares de vendeiros, desocupados e ladrões, para ataques a sedes de sindicato, perseguição de ativistas políticos e depredação de tipografias e redações de jornal; em 18 de outubro, ainda de 1905, elas assassinaram Nikolai Bauman, dirigente dos bolcheviques de Moscou, promovendo, em seguida, pogroms em várias regiões da Rússia.
Sucederam-se, nesse ano e no seguinte, greves, insurreições armadas, levantes operários e camponeses, esmagados, lentamente, um a um.
[49] Gorro alto de pele. (N. T.)
[50] Condecoração por bravura em batalha. (N. T.)
[51] Carro de corrida, de duas rodas. (N. T.)
[52] Da palavra russa poddújny (pod, “sob”; dugá, “arco”): pessoa, montada em cavalo de sela, que acompanha um cavaleiro durante uma corrida. (N. T.)
[53] Cidade do Sul da Rússia. (N. T.)
[54] Antiga medida russa de comprimento, equivalente a 0,71metro. (N. T.)
[55] Em inglês, no original (“limitador superior”): parte dos arreios de corrida em forma de cinto, dispositivo regulador da posição da cabeça de um trotador; uma extremidade do over-chek é presa por um laço a um gancho do cilhão, a outra passa entre as orelhas do cavalo e divide-se em duas pequenas correias, às quais se prende o bocado de freio. (N. T.)
[56] Documento, na Rússia czarista, que apontava a pessoa como indivíduo politicamente suspeito e lhe vedava o acesso ao ensino e ao serviço públicos. (N. T.)
[57] Diminutivo de Nikolai. (N. T.)
[58] Diminutivo de Veronika. (N. T.)
[59] Não há nenhum feriado da Igreja Ortodoxa russa, na data apontada por Kuprin, que deve referir-se à Assunção da Virgem Santíssima, comemorada em 15 de agosto. (N. T.)
[60] Moeda de vinte e cinco copeques. (N. T.)
[61] Forma diminutiva de Ivan. (N. T.)
[62] Outra forma diminutiva de Ivan. (N. T.)
[63] Forma arcaixa de tratamento, com o significado de “meu caro”. (N. T.)
[64] Referência a uma das patentes civis existentes na Rússia czarista: registrador colegiado, assessor colegiado, conselheiro colegiado. (N. T.)
[65] Três formas vernáculas russas de tratamento para mãe; “maman” é palavra estrangeira. (N. T.)
[66] Datcha: casa de campo, de veraneio. (N. T.)
[67] Representante da nobreza, na Rússia czarista, eleito pela assembléia da sua região para tratar dos assuntos da casta. (N.T.)
[68] Em alemão, no original: o mais baixo dos títulos cortesãos, na Rússia czarista e em outros países monárquicos, bem como a pessoa portadora de tal título. (N. T.)
[69] Desfiladeiro da Criméia (do turco utch, “três”, e do indo-ariano koch, “pico”). (N. T.)
[70] Os erros são da fala da personagem. (N. T.)
[71] Gênero de cogumelos himenomicetos. (N. T.)
[72] Diminutivo de Vera. (N. T.)
[73] Caderno de notas, em francês. (N. T.)
[74] Diminutivo de Vassíli. (N. T.)
[75] Antiga medida russa de peso, equivalente a 409,5 gramas. (N. T.)
[76] Outro diminutivo de Vassíli. (N. T.)
[77] Instituto Smolny de Moças Distintas, denominação completa desse primeiro estabelecimento de ensino público para mulheres da Rússia czarista. Construído em 1806-08, em São Petersburgo, é mundialmente famoso por ter sido sede do primeiro governo soviético (1917-18). (N. T.)
[78] Alusão ao movimento de libertação nacional dos polacos contra o domínio russo (1863-64). (N. T.)
[79] No exército czarista, os soldados sofriam todos os tipos de humilhação, inclusivamente agressões físicas por parte dos oficiais, oriundos da nobreza e das classes abastadas. (N. T.)
[80] Guerra da Rússia contra a Turquia, que teve como resultado a libertação da Bulgária e da Bósnia-Herzegóvina. (N. T.)
[81] Desfiladeiro na Bulgária, famoso pela sua defesa pelos soldados russos e voluntários búlgaros, de abril de 1877 a janeiro de 1888. A resistência ao sítio turco assegurou ao exército russo o caminho mais curto e mais favorável para Constantinopla. (N. T.)
[82] Cidade búlgara, que estava em poder dos turcos. (N. T.)
[83] Fiódor Radiétski (1820-90) e Mikhail Skóbelev (1843-82), generais russos que se distinguiram na guerra contra a Turquia. (N. T.)
[84] Forma diminutiva de Dária. (N. T.)
[85] Nikolai Rubinstein (1835-81), insigne pianista e compositor russo. (N. T.)
[86] Em francês, no original: jovem elegante, dândi. (N. T.)
[87] Abrigo feito na terra. (N. T.)
[88] Corruptela do patronímico Antónovitch. (N. T.)
[89] Diminutivo de Eliena. (N. T.)
[90] Diminutivo de Vladímir. (N. T.)
[91]Bachbuzuk: soldado das unidades de cavalaria não regulares do Exército turco, existentes nos séculos xviii e xix. (N. T.)
[92] Cidade do Norte da Rússia, situada às margens do rio Volga e possuidora de rico patrimônio histórico. (N. T.)
[93] Referência ao romance trágico Manon Lescaut (1731), do ilustre escritor francês Antoine François Prévost D’Exiles (1697-1763), mais conhecido como Abade Prévost. (N. T.)
[94] Em francês, no original: “Obrigado”. (N. T.)
[95] Em polonês, no original: “Senhora”. (N. T.)
[96] Os erros são da fala da personagem, que fala com sotaque polonês. (N. T.)
[97] Aleksandr Púchkin (1799-1837), poeta e prosador romântico, o primeiro grande vulto literário da Rússia. Representa para a língua russa o mesmo que Camões para a portuguesa. (N. T.)
[98] Liév Tolstói acompanhava atentamente a obra de Kuprin. Pessoas que participavam em serões na sua casa,contavam que ele, também um ex-oficial do Exército russo, lia em voz alta capítulos de O duelo e chorava nas passagens em que se mostrava o tratamento dispensado aos soldados pelos superiores. (N. T.)
[99] K. Tchukóvski. “Kuprin”. In A. I. Kuprin. Sobránie sotchiniénia. (Obras reunidas, em oito tomos). Moscou, 1964, t. 1, p. 7.
[100] Há uma tradução desse romance, intitulada Iama, de Bóris Schnaiderman (Editora Melso, Rio de Janeiro, 1960).
[101] A. Vólkov. Tvórtchestvo A. I. Kupriná (A obra de A. I. Kuprin). Moscou, 1981, pp. 330-1.
[102] Idem, pp. 337-8.
[103] Era a época dos processos em Moscou. Sob a acusação de tentarem matar Stálin e outros dirigentes, destruir o poderio econômico e militar do país, de quererem restaurar o capitalismo e trabalharem como espiões e agentes de outras nações, estavam sendo julgados e eram, quase sempre, condenados à morte, bolcheviques da velha guarda (todo o Politburo de Lênin, com exceção de Liev Tróstski, então já fora da União Soviética), bem como generais, quase todos os embaixadores soviéticos na Ásia e na Europa, os comandantes de todos os distritos militares importantes e muitas outras pessoas.
O pretexto para o início dos expurgos e da política de terror foi o assassínio de Serguéi Kírov, chefe do Partido Comunista em Leningrado, ocorrido em 1934, provavelmente com a cumplicidade de Stálin. (N. T.)
[104] Kuprin era um homem torturado pela saudade da Rússia e consciente de que tinha pouco tempo de vida; queria morrer na pátria. Não houve magnanimidade na atitude dos dirigentes soviéticos, apenas cálculo: era-lhes vantajosa, sob o aspecto propagandístico, principalmente perante a opinião pública interna, a aceitação do pedido de repatriação de um escritor tão insigne, que abandonava o “Ocidente burguês e decadente”.
Assim, parece-nos improcedente uma versão dos fatos, encontrada na rede mundial de computadores, segundo a qual a esposa do escritor o obrigara ao retorno e, para conseguir o visto, subornara os funcionários da embaixada soviética de Paris. Ora, Kuprin não tinha dinheiro para tais coisas, e a concessão ou não de visto a uma personalidade famosa é questão de governo, não da alçada de cônsules e embaixadores. (N. T.)